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TELECOMUNICAÇÕES
Crise produz resultado vermelho; em 97, lucro foi de US$ 125, 5 mi
Globopar tem prejuízo de US$ 293, 4 milhões em 98
ELVIRA LOBATO
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
De acordo com o balanço divulgado segunda-feira em Nova York,
a Globopar (Globo Comunicações
e Participações, que controla parte
dos negócios da família Marinho)
teve prejuízo de US$ 293,38 milhões no ano passado. Em 97, havia
lucrado US$ 125,5 milhões.
Todas as empresas do grupo foram afetadas pela crise, embora de
formas diferentes. O documento
apresentado ao mercado financeiro norte-americano mostra que até
a TV Globo foi atingida, apesar de
ter fechado o ano com lucro superior ao de 97 (US$ 115,57 milhões
contra US$ 105,72 milhões).
A TV não não faz parte da Globopar, mas o relatório faz menção a
seus resultados porque ela é garantidora dos títulos de dívida da Globopar no mercado internacional.
A TV Globo enfrentou queda da
receita publicitária do mercado de
televisão -que encolheu de US$ 4
bilhões em 97 para US$ 3,8 bilhões
em 98)- e aumento dos custos de
programação e dos direitos de
transmissão.
Em razão da crise, a emissora
adiou os investimentos que não tinham perspectiva de retorno financeiro no curto prazo, reduziu
em 7% o quadro de pessoal e cortou US$ 10 milhões nas despesas
administrativas.
A principal causa do prejuízo da
Globopar foi a redução da verba
que lhe é repassada pela TV Globo,
como aluguel dos estúdios de gravação, que estão registrados em
nome da holding.
Em 97, a TV Globo transferiu
US$ 312,7 milhões para a Globopar
como aluguel dos estúdios. No ano
passado, reduziu o repasse para
US$ 230,28 milhões, que, ainda assim, representaram 97% da receita
da holding. Com a crise, os dividendos pagos pelas subsidiárias
caíram de US$ 22,8 milhões em 97
para US$ 6,8 milhões em 98.
O balanço mostra que a Globopar fechou o ano com dívidas de
US$ 2,04 bilhões, dos quais US$
1,32 bilhão é débito direto da holding. Ela responde por mais US$
705 milhões em dívidas referentes
a sua participação nas subsidiárias.
Segundo o relatório, 27% das dívidas da holding (US$ 360 milhões) vencem este ano, e, para fazer frente aos pagamentos, as Organizações Globo poderão se desfazer de negócios que não estejam
vinculados a sua atividade principal (mídia).
Uma das negociações em andamento é a venda da participação da
Globopar na NEC do Brasil . A família Marinho tem a maioria das
ações com direito a voto da empresa e quer vendê-las para seu sócio
estrangeiro: a NEC, do Japão.
O grupo vem se desfazendo de
ativos desde o ano passado. Em
novembro, vendeu para a Telecom
Italia as ações da Tele Celular Sul e
da Tele Nordeste Celular, que havia adquirido no leilão da Telebrás.
Como o negócio só foi autorizado
pelo governo em janeiro, os US$
113 milhões obtidos com a venda
só se refletirão no balanço de 99.
A extensão da crise vivida pelas
subsidiárias da Globopar pode ser
avaliada pelo desempenho da NEC
do Brasil, uma das maiores fabricantes de equipamentos de telecomunicações do país. A empresa
passou de um lucro de US$ 170 milhões em 97 para um prejuízo de
US$ 29,7 milhões em 98. Suas dívidas saltaram de US$ 786 milhões
para US$ 1 bilhão.
O relatório atribui o mau desempenho da NEC a três fatores: queda
dos preços dos equipamentos pela
extrema competição entre os fornecedores, atraso nas encomendas
por causa da privatização da Telebrás e redução da margem de lucro
nos novos contratos.
A Globopar registrou perda de
equivalência patrimonial em todas
as suas subsidiárias. As perdas foram de US$ 264,8 milhões na Globo Cabo, US$ 6,5 milhões na UGB
(União Globo Bradesco, que concentra os investimentos em telefonia celular), US$ 3,7 milhões na
Globosat, US$ 7,2 milhões na São
Marcos (empreendimentos imobiliários) e US$ 3,9 milhões na NEC.
²
Outro lado
A direção da Globopar não quis
comentar o balanço. Procurado
pela Folha, o diretor-executivo da
holding, Mauro Molchansky, disse
que todas as informações que o
grupo tem a dar estão no balanço.
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