São Paulo, domingo, 21 de março de 1999

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RECUPERAÇÃO
Analistas apostam na estabilidade econômica e destacam preços dos papéis
Emergentes voltam a atrair capitais

da Redação

O impacto das sucessivas crises financeiras dos últimos dois anos ainda está sendo sentido pelo mercado internacional. No entanto, o contexto de incertezas não tem impedido alguns investidores de voltar a direcionar suas atenções para os mercados emergentes.
O analista global do Dresdner Kleinwort Benson, Albert Edwards, por exemplo, tem visto com mais otimismo os investimentos nesses mercados, sobretudo na América Latina.
Ele aumentou de 0,5% para 2% a exposição no mercado latino-americano em seu portfólio global.
A atenção dos investidores para os mercados emergentes, segundo Andrew Milligan, diretor de pesquisa econômica do Morley Fund Management, deve-se ao fato de os papéis estarem baratos e a economia sinalizar estabilidade.
Ele destaca ainda as perspectivas de melhora devido ao aumento das exportações para os países desenvolvidos e uma provável elevação no preço das "commodities".
Robert Jay Pelosky, estrategista do Morgan Stanley Dean Witter, concorda com Milligan.
Para ele, o cenário está mais apropriado para investimentos porque a volatilidade das economias está bem menor e as bolsas começaram a acalmar-se.
O mercado acionário dessas economias foi profundamente afetado pelas turbulências financeiras.
Desde janeiro de 1996, o índice composto de ações dos mercados emergentes, apurado pelo International Finance Corporation, apresentou queda de 27%. Em contrapartida, as principais bolsas dos EUA, avançaram quase 50%.

Mercado de capitais
Alguns analistas de Wall Street apontam como um dos principais indicadores de equilíbrio nas economias dos mercados emergentes a disposição de governos asiáticos e latino-americanos de voltarem ao mercado de capitais.
Figuram nesse cenário, alguns dos protagonistas das crises, como Tailândia, Malásia, Coréia, Brasil e Venezuela.
"É claro que o que determina, a curto prazo, o desempenho das ações na região da América Latina são os bonds. E atitudes de risco como essas já melhoraram, inclusive no Brasil", afirmou Albert Edwards, em relatório para seus clientes.
Outro defensor dos investimentos nessas economias é Philip Ehrman, chefe de mercados emergentes do Gartmore Investment Management.
Para ele, a situação está se revertendo e há uma abertura para riscos extras.
"Coisas ruins não duram para sempre. Coisas boas também não", justificou.
Ernest Chip Brown, analista para América Latina do Morgan Stanley, é mais cauteloso. Ele considera que ainda é cedo para festejar, mas admite que a preocupação agora é menor, sobretudo no caso brasileiro. Isso porque a inflação dá sinais de retrocesso e a moeda está mais estável.

Pesquisa
O otimismo não é geral. Pesquisa do banco TD Economists, indica que ainda há preocupação com os rumos da economia na América Latina.
De acordo com o relatório do banco, a América Latina deverá enfrentar um período recessivo este ano, mas de duração mais curta do que o registrado no sudeste asiático.
Segundo Ruth Getter, economista-chefe do Economist TD Bank, o desenvolvimento do Brasil será fundamental para a recuperação da economia da América Latina, pois o país é um importante parceiro comercial de muitos mercados na região.
"Apesar de um cenário ruim, não esperamos que a recessão internacional seja tão severa ou tão longa como a da crise asiática", afirmou Getter.


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