São Paulo, domingo, 21 de abril de 2002

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Salários baixos comprometem independência

DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de independência administrativa pode ser tão prejudicial às agências reguladoras quanto a ingerência política. Hoje, as agências não têm autonomia para definir os salários de seus técnicos. Sem poder pagar salários compatíveis com a qualificação dos profissionais, as agências sofrem com a migração de especialistas para o setor privado ou nem conseguem contratá-los.
"Esse é um problema que todas as agências enfrentam. A questão salarial as faz perder independência de fato", avalia a economista e consultora em telecomunicações Alejandra Herrera.
Alejandra diz que a legislação atual não permite que as agências paguem salários razoáveis. Resultado: a maioria dos especialistas prefere trabalhar no setor privado.
A economista diz que as agências correm dois riscos: o de ficar apenas com o pessoal menos qualificado e, pior, o de os interessados em trabalhar para os reguladores serem os lobistas das empresas reguladas.
Em ambos os casos, o regulador, na prática, perde independência. Ou por incapacidade técnica ou pela ação dos lobistas. "Sem falar no óbvio: salários baixos acabam facilitando a corrupção", diz Alejandra.
O economista Arthur Barrionuevo, da Eaesp-FGV (Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas) faz avaliação parecida e coloca a questão salarial entre os principais problemas enfrentados pelas agências reguladoras brasileiras.



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