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COLAPSO DA ARGENTINA
Presidente afirma que feriado foi decretado para evitar sangria de recursos com decisões judiciais
Sistema bancário pode explodir, diz Duhalde
Reuters
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Cliente do Scotiabank faz protesto com roupa de vampiro e cartaz escrito 'politico argentino' |
FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES
O presidente Eduardo Duhalde
tentou justificar a imposição de
mais um feriado bancário e cambial e afirmou que se a sangria de
recursos dos bancos por meio de
decisões judicias continuasse no
ritmo das últimas semanas o sistema financeiro quebraria.
"Corremos o risco de o sistema
[financeiro" explodir se os juízes
continuarem autorizando a devolução do dinheiro depositado
apenas com a apresentação do recurso dos correntistas", afirmou o
presidente em seu programa de
rádio nacional.
"Temos de encontrar uma solução para o curralzinho urgentemente. Um país não pode sobreviver sem atividade bancária,"
disse Duhalde. Enquanto o Congresso não aprovar o projeto que
prevê a troca dos depósitos a prazo fixo por títulos públicos o feriado bancário e cambial vai continuar em vigência.
O chefe de Gabinete, Jorge Capitanich, estima que o Congresso
tenha aprovado o projeto até
quarta-feira. Para o presidente do
bloco peronista no Senado, José
Luis Gioja, há um consenso entre
os senadores para aprovar o projeto ainda na noite de segunda e
enviá-lo à Câmara dos Deputados
na terça-feira de manhã.
O Banco Central argentino enviou um informe para Duhalde
com os dados sobre a saída de recursos dos depósitos bancários
para justificar a decretação do feriado. Duhalde teria se recusado a
aprovar a imposição do feriado
bancário ainda na quinta, como
queria o BC. Os números da autoridade monetária mostram que
entre os dias 8 e 17 deste mês saíram dos bancos US$ 700 milhões
devido a 3,5 mil decisões judiciais
a favor de poupadores. Entre 1º de
fevereiro e 5 de abril havia saído
outro US$ 1,8 bilhão por meio de
16,5 mil decisões.
O primeiro banco a não agüentar a fuga de recursos foi o Scotiabank Quilmes. O BC suspendeu
as atividades do banco por 30 dias
por falta de liquidez.
Há aproximadamente 30 bilhões de pesos em depósitos a
prazo fixo nos bancos. Quem tem
depósitos a prazos fixos presos
pelo curralzinho terá de optar por
dois títulos públicos, um em pesos e outro em dólares, com prazos de resgate de 5 e 10 anos, respectivamente. Os títulos poderão
ser negociados no mercado secundário, pagarão juros anuais e
teriam amortização de capital de
12% ao ano. Cadernetas de poupança e contas corrente devem ficar livres da troca obrigatória.
"O governo decidiu confiscar as
economias da população para salvar os bancos. Duhalde está fazendo o que pode para trazer de
volta a convulsão social", diz Aldo
Abram, economista e diretor da
consultoria Exante.
Para o economista José Luis Espert, "os poupadores confiaram
no sistema financeiro e vão receber agora um papel pintado de
um governo em "default" que não
terá valor nenhum no mercado".
O governo manteve reuniões ontem desde a manhã para terminar
de definir os detalhes do plano. O
ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, que está em Washington, acompanha as definições do projeto por telefone.
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