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São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2003

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Desvalorização neutraliza esforço de pagamento

DA SUCURSAL DO RIO

As empresas brasileiras de capital aberto incluídas no levantamento feito pela Economática quitaram em 2002 US$ 20 bilhões de dívidas em moeda estrangeira, mas a forte desvalorização cambial impediu que esse esforço se refletisse em redução do valor total da dívida convertida em reais.
Segundo os dados da consultoria, em 2000 as empresas deviam R$ 138 bilhões em moeda estrangeira, de uma dívida total de R$ 201,109 bilhões. Como o dólar fechou o ano cotado a R$ 1,95, a parte dos débitos em moeda estrangeira era US$ 71,2 bilhões.
Em 2001, os débitos totais alcançaram R$ 227,683 bilhões, sendo que a parcela em moeda estrangeira subiu para R$ 160,455 bilhões. Quando convertida em dólares, a dívida em moeda estrangeira registrou uma ligeira queda. Como o dólar no dia 31 de dezembro de 2001 estava em R$ 2,32, a dívida caiu US$ 2 bilhões, passando a ser de US$ 69,2 bilhões.
No ano passado, apesar de a dívida geral ter passado para R$ 241,3 bilhões, e a dívida em moeda estrangeira, para R$ 173,8 bilhões, como o dólar fechou o ano valendo R$ 3,53, a parcela da dívida em moeda estrangeira caiu para US$ 49,2 bilhões.
De acordo com Fernando Exel, os números mostram que houve um esforço de pagamento dos débitos, e não apenas uma troca de dívida em moeda estrangeira por dívida em reais.
De 2000 para 2001, a parcela da dívida denominada em reais ainda apresentou crescimento, passando de R$ 62,3 bilhões para R$ 67,2 bilhões. Mas, em 2002, essa parcela manteve-se praticamente estável, em R$ 67,5 bilhões.
"Se as empresas tivessem feito troca de dívida, teria havido aumento da parcela em reais. Essa é uma boa notícia. Foi à custa de um momento de altíssimo estresse, mas as empresas conseguiram reduzir as dívidas com recursos próprios", disse Exel.
Para o analista, as empresas ficaram ressabiadas com as subidas do dólar. Após a máxi de 1999, pensaram que as perdas cambiais ficariam por ali e erraram. "Em 2000, o dólar subiu de novo. E repetiu o movimento em 2001 e em 2002. Então, as empresas ficaram sem saber quando isso vai terminar", explicou.
Para Exel, as empresas agiram certo resgatando dívidas, mesmo sacrificando os investimentos. "Se o dólar estacionar, elas voltam a se endividar", disse.


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