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Desvalorização neutraliza esforço de pagamento
DA SUCURSAL DO RIO
As empresas brasileiras de capital aberto incluídas no levantamento feito pela Economática
quitaram em 2002 US$ 20 bilhões
de dívidas em moeda estrangeira,
mas a forte desvalorização cambial impediu que esse esforço se
refletisse em redução do valor total da dívida convertida em reais.
Segundo os dados da consultoria, em 2000 as empresas deviam
R$ 138 bilhões em moeda estrangeira, de uma dívida total de
R$ 201,109 bilhões. Como o dólar
fechou o ano cotado a R$ 1,95, a
parte dos débitos em moeda estrangeira era US$ 71,2 bilhões.
Em 2001, os débitos totais alcançaram R$ 227,683 bilhões, sendo
que a parcela em moeda estrangeira subiu para R$ 160,455 bilhões. Quando convertida em dólares, a dívida em moeda estrangeira registrou uma ligeira queda.
Como o dólar no dia 31 de dezembro de 2001 estava em R$ 2,32, a
dívida caiu US$ 2 bilhões, passando a ser de US$ 69,2 bilhões.
No ano passado, apesar de a dívida geral ter passado para
R$ 241,3 bilhões, e a dívida em
moeda estrangeira, para R$ 173,8
bilhões, como o dólar fechou o
ano valendo R$ 3,53, a parcela da
dívida em moeda estrangeira caiu
para US$ 49,2 bilhões.
De acordo com Fernando Exel,
os números mostram que houve
um esforço de pagamento dos débitos, e não apenas uma troca de
dívida em moeda estrangeira por
dívida em reais.
De 2000 para 2001, a parcela da
dívida denominada em reais ainda apresentou crescimento, passando de R$ 62,3 bilhões para
R$ 67,2 bilhões. Mas, em 2002, essa parcela manteve-se praticamente estável, em R$ 67,5 bilhões.
"Se as empresas tivessem feito
troca de dívida, teria havido aumento da parcela em reais. Essa é
uma boa notícia. Foi à custa de
um momento de altíssimo estresse, mas as empresas conseguiram
reduzir as dívidas com recursos
próprios", disse Exel.
Para o analista, as empresas ficaram ressabiadas com as subidas
do dólar. Após a máxi de 1999,
pensaram que as perdas cambiais
ficariam por ali e erraram. "Em
2000, o dólar subiu de novo. E repetiu o movimento em 2001 e em
2002. Então, as empresas ficaram
sem saber quando isso vai terminar", explicou.
Para Exel, as empresas agiram
certo resgatando dívidas, mesmo
sacrificando os investimentos.
"Se o dólar estacionar, elas voltam
a se endividar", disse.
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