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CONTAS PÚBLICAS
Cresce parcela de prefixados; cai a de títulos atrelados ao dólar
Prazo da dívida é o menor desde dezembro de 2000
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu em março
reduzir mais o estoque de títulos
públicos corrigidos pelo dólar e
aumentar a parcela prefixada, na
qual a correção é definida no momento da venda do papel. Mas a
melhora do perfil da dívida em
mercado vem sendo acompanhada de aumento do estoque e encurtamento de prazos.
A dívida em mercado chegou a
R$ 759,84 bilhões no mês passado, uma elevação de 2,25% em relação a fevereiro. E o prazo médio
foi de 29,95 meses, o menor desde
dezembro de 2000.
Cerca de R$ 10 bilhões do aumento da dívida aconteceram pela correção da parcela indexada à
Selic, a taxa básica de juros (atualmente em 16% ao ano).
Outros R$ 6,1 bilhões vieram do
maior número de novas emissões
de títulos.
Em março, o Tesouro emitiu
um total de R$ 19,1 bilhões em títulos, dos quais 89% foram papéis
prefixados. Para o governo, o título prefixado é importante porque,
com a correção fixa, é possível
programar os pagamentos futuros, o que permite uma administração mais segura do endividamento. A parcela de dívida que é
prefixada representa hoje 15,41%
do total.
No final de 2002, logo após a crise de confiança dos investidores
nos rumos da economia devido,
entre outros itens, à eleição presidencial, essa parcela correspondia
a apenas 2,19% do total. A meta
do governo para o ano é ter entre
13% e 23% da dívida em papéis
prefixados.
Já a parcela da dívida corrigida
pelo câmbio atingiu em março o
menor percentual desde o início
da série histórica do Tesouro (em
1999): 17,71%. No início da administração Lula, era de 37%. O governo quer reduzir esse montante
para até 12% neste ano, evitando
que a dívida flutue com o dólar.
Para reduzir a dívida cambial, o
Tesouro e o Banco Central resgatam os títulos que vencem e emitem papéis com correções diferentes em substituição. No ano, já
foram retirados do mercado US$
14 bilhões em títulos cambiais.
Prazo mais curto
O mercado, porém, ainda não
está comprando papéis prefixados com prazos superiores a dois
anos. Para títulos mais longos,
prefere papéis corrigidos pela Selic ou pela inflação.
Por causa disso, o prazo médio
da dívida, que já foi de 33,24 meses no final de 2002, caiu para
29,95 meses em março. O total da
dívida que vence em 12 meses
também piorou, aumentando
progressivamente nos últimos
meses. Em janeiro estava em
35,68% e agora é de 39,42%.
Segundo o coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, o governo vem
aproveitando o momento atual
para emitir prefixados e melhorar
o perfil da dívida. "Mas nós estamos atentos ao prazo", disse. Valle explicou que, a partir do segundo semestre, o governo deve
voltar a emitir títulos mais longos,
como os indexados à inflação.
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, assinalou que
a maior procura por títulos prefixados mostra que o mercado confia na queda das taxas de juros.
"Não há dúvidas sobre a inflação
deste ano. Se houvesse, não haveria essa procura."
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