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Protestos têm origem em disputa entre Províncias
Gran Chaco e O'Connor reivindicam direitos sobre o megacampo de Margarita
Lideranças políticas das duas Províncias afirmam que a região de Chimeo, onde está localizada a jazida, fica em seu território
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Os violentos protestos que
paralisaram parte da indústria
de gás boliviana têm origem
numa disputa tributária e territorial entre duas Províncias
-Gran Chaco e O'Connor- pelo megacampo de gás de Margarita, o terceiro maior do país,
operado pela empresa francesa
Repsol.
As duas Províncias são subdivisões do departamento (Estado) de Tarija, onde estão as
mais importantes reservas de
gás natural na Bolívia.
Os dois maiores megacampos em operação, San Alberto e
San Antonio, administrados
pela Petrobras e responsáveis
por produzir a maior parte do
gás exportado ao Brasil, ficam
na Província de Gran Chaco.
Em 2005, depois de uma onda de protestos realizados pela
Província de Gran Chaco, o então presidente Carlos Mesa instituiu a lei 3.038, segundo a
qual essa Província passou a ter
45% de participação tributária
sobre os 11% a que o departamento de Tarija tem direito pelos impostos sobre a comercialização do gás.
É o governo desse departamento, sob o comando do oposicionista Mario Cossío, o responsável pela redistribuição
dos recursos, e não a administração federal.
A reforma tributária de 2006
provocou um salto na arrecadação dos três municípios de
Gran Chaco.
Em dezembro, quando a Folha visitou um deles, Villamontes, havia várias obras públicas
em construção, como estradas
e um mercado municipal.
Segundo o prefeito, o orçamento de obras passou de US$
1 milhão, em 2004, para US$ 10
milhões neste ano.
Disputa política
O campo Margarita, ainda
pouco explorado, é visto pela
Província de O'Connor como
uma potencial fonte de ingressos, assim como ocorreu na vizinha Gran Chaco.
O problema é que as lideranças políticas das duas Províncias afirmam que a região de
Chimeo, onde está a jazida, fica
em seu território.
O principal argumento da
Província de O'Connor é que os
eleitores da região votam sob
sua jurisdição. A Província de
Gran Chaco, por outro lado, diz
que os limites políticos legais
mostram que Chimeo está sob
sua jurisdição.
O temor da Província de
Gran Chaco é que a "perda" do
megacampo para O'Connor aumente os argumentos em favor
de mudanças na lei 3.038.
De acordo com o deputado
chaquenho Wilman Cardozo,
do partido oposicionista Podemos, o governador de Tarija já
começou a desrespeitar essa
lei, ao encaminhar recursos supostamente destinados à Província de Gran Chaco para a
realização de obras na Província de O'Connor.
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