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RECEITA ORTODOXA
Para Krueger, taxa inibe crescimento, mas só cairá com a manutenção da meta de superávit primário
FMI condena queda "artificial" dos juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A vice-diretora-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, disse ontem
que a redução dos juros é "importante tanto para o programa macroeconômico do governo" como
para que o setor privado possa investir na economia.
"Taxas de juros altas sempre desestimulam o crescimento da economia", disse. Ela ressaltou, no
entanto, que não é possível reduzir os juros artificialmente. Segundo ela, é importante que o governo mantenha a meta de superávit primário, pelo menos no nível atual, para que o país possa
crescer de forma sustentada.
A meta de superávit primário
(receita menos despesa, exceto
gastos com juros) hoje é de 4,25%
do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo ela, a partir da manutenção do superávit, o governo
gastará menos com os encargos
da dívida pública, o que permitirá
ao Banco Central reduzir os juros
básicos da economia.
Para ela, que veio ao Brasil numa visita de cortesia, ainda é possível cumprir a meta de inflação
deste ano, de 8,5%, mas que tudo
dependerá da velocidade de queda dos preços.
Ela tentou justificar os juros altos definidos pelo Banco Central.
"Nossa experiência é que inflação
mais alta normalmente significa
taxas de juros reais e nominais
mais elevadas."
Aprovar reformas
Sobre o cenário internacional,
Krueger minimizou o quadro traçado pelo próprio Fundo, pelo
qual os Estados Unidos teriam
fraco desempenho econômico
neste ano e a Alemanha poderia
entrar em recessão.
Ela disse que a avaliação do
Fundo para a economia global
não é tão pessimista, pois a instituição espera que as economias
americana e global voltem a se recuperar a partir do segundo semestre deste ano. Entre os fatores
que contribuiriam para inverter a
desaceleração da economia dos
países desenvolvidos, Krueger
destacou a queda do preço do petróleo no mercado internacional.
Em relação ao Brasil, disse que
seria melhor se a economia mundial estivesse em melhores condições, mas acredita que o futuro da
economia nacional dependa muito mais do cenário interno. Nesse
contexto, disse que a aprovação
das reformas da Previdência e tributária é um "passo muito importante para o país".
Em sua segunda visita ao Brasil,
a primeira sob a administração do
novo governo, Krueger foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Alvorada, e teve encontros com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social). Também se reuniu com o presidente
do BC, Henrique Meirelles.
Krueger disse que cumprimentou Lula pela maneira "exemplar"
com que o governo tem lidado
com aspectos macroeconômicos
estruturais, como o rápido envio
ao Congresso das propostas de reforma da Previdência e tributária.
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