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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Para Krueger, taxa inibe crescimento, mas só cairá com a manutenção da meta de superávit primário

FMI condena queda "artificial" dos juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A vice-diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, disse ontem que a redução dos juros é "importante tanto para o programa macroeconômico do governo" como para que o setor privado possa investir na economia.
"Taxas de juros altas sempre desestimulam o crescimento da economia", disse. Ela ressaltou, no entanto, que não é possível reduzir os juros artificialmente. Segundo ela, é importante que o governo mantenha a meta de superávit primário, pelo menos no nível atual, para que o país possa crescer de forma sustentada.
A meta de superávit primário (receita menos despesa, exceto gastos com juros) hoje é de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo ela, a partir da manutenção do superávit, o governo gastará menos com os encargos da dívida pública, o que permitirá ao Banco Central reduzir os juros básicos da economia.
Para ela, que veio ao Brasil numa visita de cortesia, ainda é possível cumprir a meta de inflação deste ano, de 8,5%, mas que tudo dependerá da velocidade de queda dos preços.
Ela tentou justificar os juros altos definidos pelo Banco Central. "Nossa experiência é que inflação mais alta normalmente significa taxas de juros reais e nominais mais elevadas."

Aprovar reformas
Sobre o cenário internacional, Krueger minimizou o quadro traçado pelo próprio Fundo, pelo qual os Estados Unidos teriam fraco desempenho econômico neste ano e a Alemanha poderia entrar em recessão.
Ela disse que a avaliação do Fundo para a economia global não é tão pessimista, pois a instituição espera que as economias americana e global voltem a se recuperar a partir do segundo semestre deste ano. Entre os fatores que contribuiriam para inverter a desaceleração da economia dos países desenvolvidos, Krueger destacou a queda do preço do petróleo no mercado internacional.
Em relação ao Brasil, disse que seria melhor se a economia mundial estivesse em melhores condições, mas acredita que o futuro da economia nacional dependa muito mais do cenário interno. Nesse contexto, disse que a aprovação das reformas da Previdência e tributária é um "passo muito importante para o país".
Em sua segunda visita ao Brasil, a primeira sob a administração do novo governo, Krueger foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Alvorada, e teve encontros com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social). Também se reuniu com o presidente do BC, Henrique Meirelles.
Krueger disse que cumprimentou Lula pela maneira "exemplar" com que o governo tem lidado com aspectos macroeconômicos estruturais, como o rápido envio ao Congresso das propostas de reforma da Previdência e tributária.


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