CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que o banco recusou a última proposta da AES para resolver o impasse da sua dívida de US$ 1,2 bilhão.
O motivo, conforme a Folha informou ontem, foi que a proposta não previa pagamento imediato de uma parcela da dívida em dinheiro, exigência da direção do BNDES para aceitar uma saída negociada. "Em resumo, é isso", afirmou Lessa.
Ele disse também que as negociações entre o banco estatal e a empresa norte-americana que controla a Eletropaulo continuarão enquanto correrem os prazos legais das medidas que o BNDES já decidiu tomar para reaver seus créditos.
O banco decidiu que levará a leilão ações preferenciais (sem direito a voto) e ações ordinárias (com direito a voto) da Eletropaulo na tentativa de recuperar o que a AES lhe deve.
As ações preferenciais pertencem à AES Transgás e as ordinárias são da AES Elpa, ambas subsidiárias da AES dos Estados Unidos. Cada uma deve cerca de US$ 600 milhões ao BNDES e ambas estão inadimplentes. Lessa disse que a AES "ainda tem muito tempo" para buscar uma saída negociada.

Cemig
Sobre a inadimplência da SEB, empresa que possui 33% do capital votante da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e na qual a AES possui 65,5% de participação, Lessa disse que "é mais uma dor de cabeça", mas ressalvou que o problema é diferente do restante da dívida da empresa americana.
A SEB, que é controlada pela AES, pela Mirant (também norte-americana) e pelo grupo nacional Opportunity, deixou de pagar na semana passada uma parcela de US$ 87 milhões da dívida que contraiu em 1997 com o BNDES para financiar a compra das ações da Cemig.
Segundo Lessa, além de ser uma dívida compartilhada por mais de uma empresa, ela é marcada por um processo judicial que poderá ajudar a definir o preço das ações.


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