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Reajuste do mínimo e obras ficariam com a folga de caixa
Saúde, educação e segurança não têm conseguido ampliar participação no gasto público
Somados, Previdência, salário mínimo, pessoal e transferências a Estados e municípios levam mais de 70% da arrecadação federal
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reajustes do salário mínimo
e expansão das obras públicas,
especialmente em rodovias,
despontam como candidatos
preferenciais a ocupar o espaço
criado no Orçamento com o aumento da receita e a redução do
esforço fiscal do governo.
Já outras áreas sempre citadas entre as prioridades de
qualquer governo, caso de saúde, educação e segurança pública, não têm conseguido ampliar
sua participação no gasto público, segundo levantamento
feito pela Folha.
Embora a nova distribuição
das despesas orçamentárias
ainda esteja em definição, os
dados ajudam a identificar as
opções administrativas -e político-eleitorais- do governo
Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2005, quando tem início
a expansão de gastos.
Independentemente de decisões presidenciais, a Previdência Social já tenderia a disputar
uma fatia maior da arrecadação
federal, em razão do envelhecimento da população. Lula, porém, fez mais: promoveu uma
elevação do mínimo de 31,7%
acima da inflação.
Como resultado, não só os
benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social, mas todas
as demais despesas vinculadas
ao mínimo -que incluem benefícios assistenciais e o seguro-desemprego- já ampliaram
sua participação no Orçamento
de 34,1%, em 2004, para 35,7%
neste ano.
Em tese, esse percentual pode cair até o final do segundo
mandato de Lula. Um dos projetos do PAC prevê, daqui para
a frente, reajustes reais do mínimos equivalentes às taxas de
crescimento do PIB. Regras semelhantes, porém, existem
desde 2005, e o petista sempre
preferiu conceder reajustes
mais elevados.
O objetivo do projeto é, justamente, criar espaço orçamentário para a ampliação do
investimento, a modalidade de
gasto mais sacrificada pela política de superávits primários
combinados com expansão dos
programas sociais.
Pelas previsões orçamentárias, os investimentos receberão entre 3,9% e 4% da receita.
Ainda que seja pequeno, o percentual é quase o dobro dos
2,1% contabilizados em 2004.
Mesmo que as metas do PAC
não sejam integralmente cumpridas, as obras e as aquisições
de equipamentos já conseguiram ampliar sua fatia no gasto
público. As despesas em transportes, que lideram os investimentos federais, passaram de
0,9% da receita, em 2004, para
1,14% no ano passado.
O pacote de reajustes salariais do ano eleitoral de 2006
devolveu ao funcionalismo público a proporção de quase 20%
do Orçamento -há uma ligeira
redução em relação a 2004, em
boa parte porque despesas com
servidores do Governo do Distrito Federal deixaram a conta.
Somadas, Previdência, salário mínimo, pessoal e transferências a Estados e municípios
levam mais de 70% da arrecadação federal.
(GUSTAVO PATU)
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