|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Carga tributária
deve continuar
ainda elevada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a esperada queda do
superávit primário e do esforço fiscal neste ano, o governo Lula praticamente enterrará a última chance de
reduzir -e até mesmo estabilizar- a carga tributária
até 2010.
O superávit federal, que
chegou a 2,7% do PIB em
2004, poderá ser de apenas
1,65% do produto neste ano.
Em outras palavras, teria sido possível reduzir a carga
tributária em mais de 1 ponto
percentual se fossem mantidas estáveis, como proporção do PIB, as despesas do
governo.
Optou-se, porém, pelo aumento dos gastos, boa parte
deles de caráter permanente
e obrigatório, como os de
pessoal e os vinculados ao salário mínimo.
Não por acaso, a receita do
governo teve de subir, no período, de 21,61% para os
23,72% do PIB esperados
neste ano, apesar de uma série de medidas de desoneração anunciadas pela equipe
econômica.
Daqui para a frente, dificilmente haverá nova queda do
superávit até o final do segundo mandato de Lula -o
governo se comprometeu em
manter o patamar deste ano
até 2010.
De 1999 a 2004, a explicação mais usual para o aumento da carga tributária era
o programa de ajuste fiscal e
as metas crescentes de superávit primário. Desde 2005,
no entanto, o superávit cai
continuamente, enquanto a
carga continua a subir.
O gasto público se manteve em alta durante os dois
períodos, mas a aceleração é
clara no segundo. Do início
do programa de ajuste fiscal
até a metade do primeiro governo Lula, a despesa passou
de 18,23% para 18,91% do
PIB. Neste ano, pode chegar
a 22,07% do produto.
Os dados desmentem a tese de que os superávits primários sacrificaram os gastos, sobretudo na área social.
As metas fiscais foram cumpridas, com sobras, graças a
um aumento da carga tributária federal equivalente a
5% do PIB -quase R$ 126 bilhões em valores atuais.
As perspectivas de redução da carga tributária tampouco são animadoras a partir de 2010. Pelas projeções
do governo e dos especialistas, mesmo que o superávit
primário possa ser reduzido,
a folga orçamentária resultante será consumida pelo
aumento esperado das despesas com aposentados e
pensionistas.
(GP)
Texto Anterior: Reajuste do mínimo e obras ficariam com a folga de caixa Próximo Texto: Comando da economia não tem mais PUC do Rio Índice
|