São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comando da economia não tem mais PUC do Rio

Pela 1ª vez em 14 anos, escola não está no governo

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois das mudanças feitas na composição do governo neste começo de segundo mandato do presidente Lula, chegou-se a uma situação que não se via há 14 anos: pela primeira vez desde o governo Itamar Franco (1992-1994), a linha de frente da equipe econômica não possui, entre seus membros, economistas da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio.
Identificada com uma linha de pensamento mais liberal, a PUC do Rio acabou perdendo espaço para economistas de outras escolas, como a Unicamp -de onde saíram o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e o novo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Antes de entrar para o governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é formado em engenharia pela USP, mas se destacou profissionalmente como executivo do BankBoston.
A lista de economistas que passaram pelos quadros da PUC antes de chegar ao governo é extensa. Um dos primeiros foi Pedro Malan, que foi nomeado presidente do BC em 1993 e também comandou a Fazenda nos oito anos de governo FHC (1995-2002).
A relação conta ainda com nomes como André Lara Rezende, Pérsio Arida e Edmar Bacha, três dos principais formuladores do Plano Real, além de outros três ex-presidentes do BC: Gustavo Franco, Chico Lopes e Armínio Fraga.
O último economista da PUC do Rio a ocupar lugar de destaque na equipe econômica foi Afonso Bevilaqua, que deixou o cargo de diretor de Política Econômica do BC. Seu sucessor, Mário Mesquita, chegou a fazer um mestrado na escola carioca, mas não se dedicou à carreira de pesquisador, passando a maior parte da sua vida profissional pré-BC no mercado financeiro.
Bevilaqua era apontado como o mais conservador dos membros do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), responsável pela condução da política de juros. Ainda assim, a mudança no perfil não significa, necessariamente, que ocorrerão mudanças nas políticas da Fazenda e do BC.
"Estamos falando de idéias que não foram inventadas no Brasil nem são monopólio da PUC", afirma o economista Fernando Cardim, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Para Cardim, a linha de pensamento dos economistas formados na PUC do Rio está "muito próxima à dos mercados financeiros e do FMI", e esse tipo de visão ainda predomina entre os diretores do BC, ainda que eles tenham uma formação acadêmica diferente.


Texto Anterior: Carga tributária deve continuar ainda elevada
Próximo Texto: "Escola" defende Estado pequeno e estabilidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.