|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comando da economia não tem mais PUC do Rio
Pela 1ª vez em 14 anos, escola não está no governo
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois das mudanças feitas
na composição do governo neste começo de segundo mandato
do presidente Lula, chegou-se a
uma situação que não se via há
14 anos: pela primeira vez desde o governo Itamar Franco
(1992-1994), a linha de frente
da equipe econômica não possui, entre seus membros, economistas da PUC (Pontifícia
Universidade Católica) do Rio.
Identificada com uma linha
de pensamento mais liberal, a
PUC do Rio acabou perdendo
espaço para economistas de
outras escolas, como a Unicamp -de onde saíram o secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e o novo presidente
do BNDES, Luciano Coutinho.
Antes de entrar para o governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi professor da
FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo. O presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, é formado em engenharia pela USP, mas se destacou profissionalmente como
executivo do BankBoston.
A lista de economistas que
passaram pelos quadros da
PUC antes de chegar ao governo é extensa. Um dos primeiros
foi Pedro Malan, que foi nomeado presidente do BC em
1993 e também comandou a
Fazenda nos oito anos de governo FHC (1995-2002).
A relação conta ainda com
nomes como André Lara Rezende, Pérsio Arida e Edmar
Bacha, três dos principais formuladores do Plano Real, além
de outros três ex-presidentes
do BC: Gustavo Franco, Chico
Lopes e Armínio Fraga.
O último economista da PUC
do Rio a ocupar lugar de destaque na equipe econômica foi
Afonso Bevilaqua, que deixou o
cargo de diretor de Política
Econômica do BC. Seu sucessor, Mário Mesquita, chegou a
fazer um mestrado na escola
carioca, mas não se dedicou à
carreira de pesquisador, passando a maior parte da sua vida
profissional pré-BC no mercado financeiro.
Bevilaqua era apontado como o mais conservador dos
membros do Copom (Comitê
de Política Monetária do BC),
responsável pela condução da
política de juros. Ainda assim, a
mudança no perfil não significa, necessariamente, que ocorrerão mudanças nas políticas
da Fazenda e do BC.
"Estamos falando de idéias
que não foram inventadas no
Brasil nem são monopólio da
PUC", afirma o economista
Fernando Cardim, professor da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro).
Para Cardim, a linha de pensamento dos economistas formados na PUC do Rio está
"muito próxima à dos mercados financeiros e do FMI", e esse tipo de visão ainda predomina entre os diretores do BC,
ainda que eles tenham uma formação acadêmica diferente.
Texto Anterior: Carga tributária deve continuar ainda elevada Próximo Texto: "Escola" defende Estado pequeno e estabilidade Índice
|