DA REPORTAGEM LOCAL

Em oposição aos "tubarões" do mercado financeiro, os "sardinhas", como são conhecidos os pequenos investidores na Bolsa, trocam informações sobre ganhos e prejuízos no mercado em chats, em grupos de discussão e até no Orkut.
Fundador da comunidade "Investidor Agressivo" do Orkut, o engenheiro de telecomunicações Allan Arantes, 28, conta que deixou o emprego na Telemar, em 2003, quando começou a ganhar mais na Bolsa do que com o salário mensal.
Desde que começou a negociar papéis pela internet em 2001, seu maior ganho foi com as ações da Net. Mas também teve de amargar perdas. "Achei que o papel ia subir e perdi o controle psicológico. Quando você está perdendo, tende a arriscar ainda mais", disse.
A comunidade tem hoje 14,5 mil filiados e troca informações sobre papéis e estratégias para obter ganho. Arantes não crê que a comunidade acabe servindo de palco para especuladores manipularem o mercado. "Não acredito que uma comunidade de "sardinhas" tenha capacidade de manipular um papel como o da Petrobras. Se alguém diz que uma ação vai "bombar", peço que coloque os motivos e dê a opção de análise para vermos se é procedente ou não [a possibilidade de ganho]."
Mas nem todos os membros da comunidade narram a mesma sorte de Arantes na Bolsa. O fotógrafo Ricardo Hirae, 35, afirma que, desde que deixou os fundos da Vale do Rio Doce, só perdeu dinheiro com ações.
"Mesmo tendo me preparado, estudado gráficos e análise fundamentalista, só perco dinheiro." Ele conta que perdeu ao investir na São Martinho, empresa do setor sucroalcooleiro, imaginando que as ações subiriam devido ao aumento na venda dos carros flex.
"Só que justamente o papel só andou de lado e depois despencou consecutivamente." Depois que saiu, a ação reverteu as perdas e sinaliza alta. "É melhor ter paciência e não ficar acompanhando o dia-a-dia."


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