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Diesel sobe 9% nos postos e pressiona custo do frete
Transportadoras corrigem tabelas em 5%; alimentos serão os mais afetados
Gasolina subiu só 0,3% desde reajuste da Petrobras em razão do aumento do álcool, já o biocombustível teve aumento de 1,2%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Desde o reajuste dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, no dia 2, o preço do diesel já subiu, em média, 8,8% nas
bombas dos postos de todo o
país, segundo pesquisa da ANP
(Agência Nacional do Petróleo). O produto passou de R$
1,879 o litro na semana encerrada no dia 3 para R$ 2,045 no
último sábado, dia 17.
O maior impacto foi sentido
na semana posterior (encerrada em 10 de maio) ao reajuste
de 15% do diesel na refinaria,
quando ele subiu 7,9%.
Diante do aumento do diesel
nas bombas, as transportadoras já corrigiram suas tabelas, e
o custo do frete subiu de 4% a
5%, segundo Newton Gibson,
presidente da Associação Brasileira de Transporte de Cargas
e Logística. Ele diz que os alimentos serão mais afetados pelo aumento, já que, além do impacto do frete, o diesel é usado
em tratores e colheitadeiras.
"Esse reajuste veio bem no
momento de pico da colheita de
grãos e acontece justamente
quando já existe uma pressão
no preço dos alimentos", disse
ele.
Segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, o
preço do diesel nos postos já incorporou a totalidade do reajuste da Petrobras e tende a se
estabilizar. A entidade estimou,
na época do aumento na refinaria, uma alta de 9% na bomba.
Para a gasolina, a federação
que representa os donos de
postos havia previsto uma alta
de, no máximo, 1%. E foi isso
que aconteceu. Amortecido pela redução da Cide (o imposto
dos combustíveis), o reajuste
chegou bem mais ameno à ponta do consumidor: a alta ficou
em 0,3%. O produto era vendido, em média, a R$ 2,50 o litro.
Em São Paulo, a gasolina subiu mais: 1,1%. O diesel subiu
8,6% no Estado, perto da média
nacional. Miranda diz que a alta
da gasolina reflete apenas o aumento do álcool anidro (adicionado ao derivado de petróleo
na proporção de 25%). "A gasolina só subiu em razão do álcool. A diminuição da Cide
compensou a alta na refinaria."
No mesmo dia do reajuste, o
governo determinou a redução
da Cide: de R$ 0,28 para R$ 0,18
por litro para a gasolina e de R$
0,07 para R$ 0,03 no diesel.
Para Miranda, a decisão teve
dois objetivos: conter a inflação
-que deve fechar neste ano
acima do centro da meta do governo de 4,5% por causa do
choque dos alimentos- e evitar
uma perda de receita da Petrobras em decorrência do aumento do consumo de álcool.
"Se o preço da gasolina ficar
menor do que 70% do valor do
álcool, ela perde mercado. Todo mundo hoje tem carro flex.
Se sobrar gasolina, a Petrobras
vai vender para quem? Pode exportar, mas sempre há um deságio no preço [em razão da
qualidade do produto, que tem
alto teor de enxofre para os padrões de EUA e Europa]."
Já o álcool subiu 1,2% nas
bombas dos postos na primeira
quinzena de maio. Seu preço ficou em R$ 1,487 na pesquisa
encerrada no último sábado,
mas deve cair com o começo da
colheita de cana.
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