São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000 |
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PRIVATIZAÇÃO Interventor passa a administrar a empresa; sócios têm prazo de 180 dias para definir a venda das ações Intervenção amplia prazo no caso CRT
OTÁVIO CABRAL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O governo federal decidiu ontem intervir na administração da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações). Apesar da intervenção, o grupo Tele Brasil Sul, principal acionista da empresa, terá prazo de 180 dias para vender suas ações. Esse prazo foi fixado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que fiscaliza o setor. Nesse período, a Tele Brasil Sul poderá concluir a operação de venda das ações para a Brasil Telecom. Essa foi a primeira intervenção que o governo federal fez em empresas de serviços públicos privatizadas. A intervenção irá durar até o dia 30 de abril de 2001. Foi a terceira vez que o governo prorrogou o prazo de venda das ações da Tele Brasil Sul na CRT. A pendência teve início em julho de 98, quando a Telefónica de España, que já tinha o controle da CRT por ser majoritária no consórcio Tele Brasil Sul, adquiriu o controle da Telesp. Como uma mesma empresa não pode ter o controle de suas operadoras, a empresa foi obrigada a vender sua participação na CRT, que atinge 89,2% das ações. O último prazo de negociação venceu ontem. Como não houve acerto, o governo decretou a intervenção, que começa a valer hoje, quando será publicada no "Diário Oficial" da União. "Os empresários não demonstraram competência na negociação, por isso foi feita a intervenção", afirmou o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações). "Espero que a intervenção não traga um problema político, pois está tudo previsto na lei, não há anomalia." O interventor na empresa será o atual presidente da Telebrás, Ronaldo Rangel de Albuquerque Sá. Ele terá total independência de indicar os membros da nova diretoria, já que os atuais acionistas perdem o direito de voto e veto no conselho diretor. Albuquerque Sá terá 180 dias para iniciar um processo administrativo contra as duas empresas. Durante esse período, os acionistas continuam tendo direito aos lucros e dividendos de ações. A situação é melhor para os controladores da empresa, pois, até ontem, suas ações estavam sendo administradas por um fundo, que estava cuidando também da negociação com a Brasil Telecom. Agora, a Telefônica também está autorizada a negociar diretamente suas ações com a Brasil Telecom no prazo de seis meses. Nesse prazo, a Telefónica também não poderá vender suas ações a empresas estrangeiras que não participam de operadoras de telefonia no Brasil. Também deverá ser suspensa a venda de ações da empresa em Bolsas. Segundo Guerreiro, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) irá se pronunciar sobre o assunto hoje. Ao final desses seis meses, se não houver acordo, a Anatel irá decretar a extinção da concessão à CRT. A extinção poderá ser feita por quatro modalidades: encampação, caducidade, rescisão e anulação. Além disso, a agência poderá definir se irá aplicar penalidades à Telefónica e à Brasil Telecom caso elas tenham causado prejuízo às empresas. Caso seja decretada a extinção da concessão, a Anatel irá realizar um novo leilão de privatização. Os acionistas serão indenizados proporcionalmente ao número de ações que possuíam na empresa no momento da intervenção. O interventor terá um prazo até 30 de abril para fazer uma auditoria e preparar o novo leilão. Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Sócios trocam acusações na negociação Índice |
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