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ECONOMIA GLOBAL
Fundo de investimentos norte-americano quebrou em 1998
LTCM levou sistema "à beira do abismo"
RONALDO SOARES
DE PARIS
O ex-diretor-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
Michel Camdessus disse que o sistema financeiro mundial esteve à
beira de um colapso, em setembro de 1998, após a quebra do fundo norte-americano LTCM (Long
Term Capital Management), que
operava capitais voláteis em vários mercados emergentes.
Segundo Camdessus, o episódio
deixou o sistema financeiro "muito perto do abismo". Após a quebra, o Fed (banco central dos
EUA) coordenou uma operação
de resgate em que 15 bancos injetaram US$ 3,5 bilhões no LTCM.
"Se um segundo fundo caísse, o
sistema mundial afundaria", disse
Camdessus, durante entrevista
coletiva, anteontem, em que fez
um balanço de sua gestão no FMI.
"Antes da catástrofe"
Camdessus, que em sua gestão
negociou operações de ajuda a
países que atravessaram crises
econômicas -como o México, a
Rússia, o Brasil e nações asiáticas-, disse que é necessária
"uma reforma antes das próximas
catástrofes".
Ele defende uma reforma capaz
de "continuar a marcha em direção a um novo modelo de desenvolvimento", que seria voltado
para uma "humanização progressiva dos princípios de gestão econômica".
Camdessus criticou a falta de
engajamento dos países-membros do FMI em prol da harmonização de organizações que decidem os rumos da economia mundial, como a instituição que ele dirigiu, o Banco Mundial, a OMC
(Organização Mundial do Comércio) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
"Nós somos a primeira geração
chamada a organizar o mundo
não mais sob uma perspectiva
imperial, e sim com o conceito de
nações. Mas elas estão de acordo
em relação a poucas coisas", afirmou.
De arquiteto a bombeiro
Camdessus, que dirigiu o Fundo
Monetário Internacional durante
mais de 12 anos -foi substituído
na direção geral do órgão este ano
pelo alemão Horst Koehler-,
preside atualmente o instituto de
pesquisas Cepii (Centro de Estudos de Perspectivas e de Informações Internacionais).
Ao falar sobre sua experiência
no FMI, Camdessus mostrou-se
decepcionado. "Eu tinha a ilusão
de que poderia ser arquiteto, mas
acabei sendo somente bombeiro", afirmou.
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