São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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ECONOMIA GLOBAL
Fundo de investimentos norte-americano quebrou em 1998
LTCM levou sistema "à beira do abismo"

RONALDO SOARES
DE PARIS

O ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Michel Camdessus disse que o sistema financeiro mundial esteve à beira de um colapso, em setembro de 1998, após a quebra do fundo norte-americano LTCM (Long Term Capital Management), que operava capitais voláteis em vários mercados emergentes.
Segundo Camdessus, o episódio deixou o sistema financeiro "muito perto do abismo". Após a quebra, o Fed (banco central dos EUA) coordenou uma operação de resgate em que 15 bancos injetaram US$ 3,5 bilhões no LTCM. "Se um segundo fundo caísse, o sistema mundial afundaria", disse Camdessus, durante entrevista coletiva, anteontem, em que fez um balanço de sua gestão no FMI.

"Antes da catástrofe"
Camdessus, que em sua gestão negociou operações de ajuda a países que atravessaram crises econômicas -como o México, a Rússia, o Brasil e nações asiáticas-, disse que é necessária "uma reforma antes das próximas catástrofes".
Ele defende uma reforma capaz de "continuar a marcha em direção a um novo modelo de desenvolvimento", que seria voltado para uma "humanização progressiva dos princípios de gestão econômica".
Camdessus criticou a falta de engajamento dos países-membros do FMI em prol da harmonização de organizações que decidem os rumos da economia mundial, como a instituição que ele dirigiu, o Banco Mundial, a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
"Nós somos a primeira geração chamada a organizar o mundo não mais sob uma perspectiva imperial, e sim com o conceito de nações. Mas elas estão de acordo em relação a poucas coisas", afirmou.

De arquiteto a bombeiro
Camdessus, que dirigiu o Fundo Monetário Internacional durante mais de 12 anos -foi substituído na direção geral do órgão este ano pelo alemão Horst Koehler-, preside atualmente o instituto de pesquisas Cepii (Centro de Estudos de Perspectivas e de Informações Internacionais).
Ao falar sobre sua experiência no FMI, Camdessus mostrou-se decepcionado. "Eu tinha a ilusão de que poderia ser arquiteto, mas acabei sendo somente bombeiro", afirmou.


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