São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA MONETÁRIA
Banco Central surpreende, baixa taxa em um ponto percentual e sinaliza nova redução até julho
Juro recua a 17,5%, com viés de baixa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central surpreendeu o mercado financeiro e decidiu ontem baixar os juros básicos da economia em um ponto percentual e indicar viés (tendência) de baixa. Com isso, os juros básicos passam de 18,5% para 17,5% anuais a partir de hoje, com possibilidade de nova queda antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), nos dias 18 e 19 de julho.
É a primeira queda de juros desde março passado, quando a trajetória de queda foi interrompida pelas turbulências no mercado acionário norte-americano e pela alta dos preços internacionais do petróleo. Desde julho do ano passado não havia uma queda significativa das taxas de juros. Naquele mês, o BC reduziu a taxa em 1,5 ponto percentual.
Nos últimos dias, a ala "desenvolvimentista" do governo vinha pressionando pela queda dos juros. O ministro José Serra (Saúde) chegou a fazer críticas publicamente.
O presidente Fernando Henrique Cardoso sempre costuma dizer que não interfere na política monetária, mas vinha emitindo sinais ao presidente do BC, Armínio Fraga, de que achava que era o momento de reduzir os juros.
O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, disse que ""os resultados recentes da inflação mudaram significativamente as expectativas do Copom em relação à inflação do ano".
A queda dos juros foi decidida em reunião realizada nos dois últimos dias pelo Copom, colegiado formado por diretores do BC (com direto a voto) e chefes de departamento da instituição.
Os motivos que levaram o BC a afrouxar os juros só serão oficialmente conhecidos na próxima semana, quando sai a ata da reunião ocorrida ontem.
Mas os indícios são de que, ao contrário do que a maioria do mercado financeiro achava, o Copom já vê com mais otimismo o que vem ocorrendo com o preço do petróleo e com os juros nos EUA. Nas duas últimas reuniões, o BC apontou esses dois fatores como os principais obstáculos à queda dos juros no país.
De forma geral, os analistas do mercado financeiro acreditavam que o Copom só fosse baixar os juros após duas importantes reuniões que ocorrem nos próximos dias.
Hoje, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decide se aumenta a produção de petróleo, o que poderia conter a alta no preço do produto nos mercados internacionais.
Na próxima semana, o Fed (banco central norte-americano) decide se eleva ou não seus juros domésticos. Uma alta de até 0,25 ponto percentual tende a ser bem absorvida pelo mercado, mas um aperto maior poderá desencadear novas turbulências pelo mundo.
Desde a adoção do regime de câmbio flutuante, em janeiro de 1999, o controle da inflação passou a ser o principal objetivo da política de juros do governo. Neste ano, a meta é uma inflação entre 4% e 8%.
Sempre que há ameaça ao cumprimento da meta, o Copom evita reduzir os juros. Desde março, o BC vinha agindo de forma conservadora, com receio dos impactos inflacionários da alta das tarifas públicas (principalmente dos combustíveis) e da alta dos juros nos países desenvolvidos.


Texto Anterior: Luís Nassif: A qualidade total em Divinópolis
Próximo Texto: Captação: Brasil volta ao mercado de títulos com emissão de US$ 719 mi em euro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.