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POLÍTICA MONETÁRIA
Banco Central surpreende, baixa taxa em um ponto percentual e sinaliza nova redução até julho
Juro recua a 17,5%, com viés de baixa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central surpreendeu o
mercado financeiro e decidiu ontem baixar os juros básicos da
economia em um ponto percentual e indicar viés (tendência) de
baixa. Com isso, os juros básicos
passam de 18,5% para 17,5%
anuais a partir de hoje, com possibilidade de nova queda antes da
próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), nos
dias 18 e 19 de julho.
É a primeira queda de juros desde março passado, quando a trajetória de queda foi interrompida
pelas turbulências no mercado
acionário norte-americano e pela
alta dos preços internacionais do
petróleo. Desde julho do ano passado não havia uma queda significativa das taxas de juros. Naquele
mês, o BC reduziu a taxa em 1,5
ponto percentual.
Nos últimos dias, a ala "desenvolvimentista" do governo vinha
pressionando pela queda dos juros. O ministro José Serra (Saúde)
chegou a fazer críticas publicamente.
O presidente Fernando Henrique Cardoso sempre costuma dizer que não interfere na política
monetária, mas vinha emitindo
sinais ao presidente do BC, Armínio Fraga, de que achava que era o
momento de reduzir os juros.
O diretor de Política Monetária
do BC, Luiz Fernando Figueiredo,
disse que ""os resultados recentes
da inflação mudaram significativamente as expectativas do Copom em relação à inflação do
ano".
A queda dos juros foi decidida
em reunião realizada nos dois últimos dias pelo Copom, colegiado
formado por diretores do BC
(com direto a voto) e chefes de departamento da instituição.
Os motivos que levaram o BC a
afrouxar os juros só serão oficialmente conhecidos na próxima semana, quando sai a ata da reunião
ocorrida ontem.
Mas os indícios são de que, ao
contrário do que a maioria do
mercado financeiro achava, o Copom já vê com mais otimismo o
que vem ocorrendo com o preço
do petróleo e com os juros nos
EUA. Nas duas últimas reuniões,
o BC apontou esses dois fatores
como os principais obstáculos à
queda dos juros no país.
De forma geral, os analistas do
mercado financeiro acreditavam
que o Copom só fosse baixar os
juros após duas importantes reuniões que ocorrem nos próximos
dias.
Hoje, a Opep (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo)
decide se aumenta a produção de
petróleo, o que poderia conter a
alta no preço do produto nos
mercados internacionais.
Na próxima semana, o Fed
(banco central norte-americano)
decide se eleva ou não seus juros
domésticos. Uma alta de até 0,25
ponto percentual tende a ser bem
absorvida pelo mercado, mas um
aperto maior poderá desencadear
novas turbulências pelo mundo.
Desde a adoção do regime de
câmbio flutuante, em janeiro de
1999, o controle da inflação passou a ser o principal objetivo da
política de juros do governo. Neste ano, a meta é uma inflação entre 4% e 8%.
Sempre que há ameaça ao cumprimento da meta, o Copom evita
reduzir os juros. Desde março, o
BC vinha agindo de forma conservadora, com receio dos impactos inflacionários da alta das tarifas públicas (principalmente dos
combustíveis) e da alta dos juros
nos países desenvolvidos.
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