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Projeto emprega "exército" que chega a 7.000 trabalhadores
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU
Michael Ramirez e Nicolas
Mamani costumavam brincar
num velho campo de futebol.
As traves continuam lá, mas a
terra batida começou a virar
adobe, uma espécie de tijolo
feito de barro molhado misturado à palha. O bloco é a base
das construções em alvenaria
usadas na região. Para Ramirez,
Mamani e os outros colegas da
região, produzir adobe é o único trabalho disponível hoje.
Ambos trabalhavam na construção da Rodovia Interoceânica quando o fronte das obras alcançou a região. Desde o primeiro quilômetro tem sido assim, a obra vai empregando e
desempregando gente.
Agora, chegou a vez de Etner
Soto, 20. Filho de Enriqueta
Casa, 44, proprietária de um
restaurante à beira da precária
estrada de chão batido. Toda a
família terá de sair do local. Soto será um dos 7.000 homens
contratados pelo Conirsa, consórcio responsável pela construção e liderado pela empresa
brasileira Odebrecht.
A empresa assumiu o projeto
em 2005, após vencer a concessão de 2 dos 3 trechos abertos
pelo governo peruano. Com os
trechos 2 e 3, regiões da floresta
amazônica e da cordilheira dos
Andes poderão ser conectadas
à rodovia que chega ao litoral
sul do Peru e a Lima.
As rodovias ligam a região de
Cusco a Iñapari, cidade que faz
limite com o município de Assis
Brasil (AC). A via terá 703 quilômetros, dos quais 430 quilômetros já foram construídos.
Já há obras em outros 196,5
quilômetros.
Conectada ao tramo 1, por essa rodovia pode-se alcançar as
baías de San Juan e San Nicolás, no município de Marcona,
banhado pelo Pacífico. Cidade
de 13 mil habitantes, Marcona
tem apenas uma grande atividade industrial, uma mineração de ferro controlada pela
chinesa Shougang. A jazida, de
onde a companhia extrai 7,5
milhões de toneladas de minério de ferro por ano, fica a 15
quilômetros do Pacífico.
Formada pelas construtoras
brasileiras Camargo Corrêa,
Andrade Gutierrez e Queiroz
Galvão, a Intersur assumiu
também em 2005 a obra de
construção de 305,9 quilômetros da ligação entre Puente
Inambari (no departamento de
Madre de Dios) e Azangaro (no
departamento de Puno). Essa
estrada se conecta com duas
outras rodovias, já construídas,
e que dão acesso aos portos do
sul do Peru, Ilo e Matarani.
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