São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Projeto emprega "exército" que chega a 7.000 trabalhadores

DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU

Michael Ramirez e Nicolas Mamani costumavam brincar num velho campo de futebol. As traves continuam lá, mas a terra batida começou a virar adobe, uma espécie de tijolo feito de barro molhado misturado à palha. O bloco é a base das construções em alvenaria usadas na região. Para Ramirez, Mamani e os outros colegas da região, produzir adobe é o único trabalho disponível hoje.
Ambos trabalhavam na construção da Rodovia Interoceânica quando o fronte das obras alcançou a região. Desde o primeiro quilômetro tem sido assim, a obra vai empregando e desempregando gente.
Agora, chegou a vez de Etner Soto, 20. Filho de Enriqueta Casa, 44, proprietária de um restaurante à beira da precária estrada de chão batido. Toda a família terá de sair do local. Soto será um dos 7.000 homens contratados pelo Conirsa, consórcio responsável pela construção e liderado pela empresa brasileira Odebrecht.
A empresa assumiu o projeto em 2005, após vencer a concessão de 2 dos 3 trechos abertos pelo governo peruano. Com os trechos 2 e 3, regiões da floresta amazônica e da cordilheira dos Andes poderão ser conectadas à rodovia que chega ao litoral sul do Peru e a Lima.
As rodovias ligam a região de Cusco a Iñapari, cidade que faz limite com o município de Assis Brasil (AC). A via terá 703 quilômetros, dos quais 430 quilômetros já foram construídos. Já há obras em outros 196,5 quilômetros.
Conectada ao tramo 1, por essa rodovia pode-se alcançar as baías de San Juan e San Nicolás, no município de Marcona, banhado pelo Pacífico. Cidade de 13 mil habitantes, Marcona tem apenas uma grande atividade industrial, uma mineração de ferro controlada pela chinesa Shougang. A jazida, de onde a companhia extrai 7,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, fica a 15 quilômetros do Pacífico.
Formada pelas construtoras brasileiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, a Intersur assumiu também em 2005 a obra de construção de 305,9 quilômetros da ligação entre Puente Inambari (no departamento de Madre de Dios) e Azangaro (no departamento de Puno). Essa estrada se conecta com duas outras rodovias, já construídas, e que dão acesso aos portos do sul do Peru, Ilo e Matarani.


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