São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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UGT vai "reacomodar" forças, diz especialista

Durante congresso, 600 sindicatos aderem à central

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A criação da UGT (União Geral dos Trabalhadores), central que surge como resultado da fusão de outras três entidades e de uma dissidência da Força Sindical, é alvo de críticas e marca o início de uma movimentação no meio sindical, segundo sindicalistas e especialistas em mercado de trabalho.
"O que está por trás [da fusão] é uma reacomodação de forças. Sozinhas, essas centrais que se fundem, CGT [Confederação Geral dos Trabalhadores], SDS [Social Democracia Sindical] e CAT [Central Autônoma dos Trabalhadores], estavam ameaçadas de não mais existir. Juntas podem atuar como uma terceira via, uma vez que existe bipolarização entre CUT e Força. Vale lembrar que não há como acomodar mais dirigentes na cúpula dessas duas centrais", diz o advogado trabalhista João José Sady.
A sobrevivência das centrais está diretamente ligada à medida provisória que o governo deve editar em breve. Para serem reconhecidas juridicamente -com acesso ao financiamento de 10% do imposto sindical-, as centrais terão de comprovar sua representatividade, mediante ao menos quatro critérios: 1) ter filiação de, no mínimo, cem sindicatos distribuídos em cinco regiões do país, 2) ter no mínimo 20 sindicatos associados em ao menos três regiões; 3) ter sindicatos filiados em cinco setores econômicos; e 4) cada central terá de ter 5% de sócios sobre o total de sindicalizados do país -a partir de 2009, sobe para 7%.
Dados parciais da Secretaria de Relações do Trabalho, do Ministério do Trabalho, obtidos pela Folha, mostram que, a partir desse critério, apenas quatro poderiam ser legalizadas -CUT, Força, Nova Central Sindical (criada a partir de antigas confederações de trabalhadores) e UGT. Os dados são de dezembro de 2006, a partir informações coletadas na Rais de 2005 e no Cadastro Nacional de Entidades Sindicais.
"Isoladas, as centrais que se fundiram não atingiriam representatividade para manter ou disputar assentos nos conselhos em que hoje participam, como o do FAT ou FGTS", diz João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força.
Para o consultor João Guilherme Vargas Neto, a união é positiva. "É como se o movimento sindical redescobrisse o potencial da palavra união."
Com a criação da UGT, o governo Lula ganha mais uma entidade aliada no movimento sindical -uma vez que a central não nasce para se opor à administração petista e é formada por lideranças que, em sua maior parte, apoiaram a reeleição de Lula. "Essas entidades [as centrais que se fundem] agem como uma força auxiliar do governo", diz Sady.
Apesar de não comparecer ao congresso de fundação da UGT, que termina hoje em São Paulo, Lula enviou dois representantes -os ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Marinho (Previdência). O presidente havia confirmado sua ida ao evento, mas desistiu na semana passada, após pressão dos sindicalistas da CUT e da Força, segundo a Folha apurou, porque Lula não compareceu aos congressos dessas centrais.
Para Ricardo Patah, que presidirá a UGT, a entidade vai agir de forma independente e vai manifestar "oposição ao neoliberalismo" e "ao combate à corrupção e aos processos de exclusão social". No congresso, houve a adesão de 600 entidades à UGT que representam 5 milhões de trabalhadores.


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