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UGT vai "reacomodar" forças, diz especialista
Durante congresso, 600 sindicatos aderem à central
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A criação da UGT (União Geral dos Trabalhadores), central
que surge como resultado da
fusão de outras três entidades e
de uma dissidência da Força
Sindical, é alvo de críticas e
marca o início de uma movimentação no meio sindical, segundo sindicalistas e especialistas em mercado de trabalho.
"O que está por trás [da fusão] é uma reacomodação de
forças. Sozinhas, essas centrais
que se fundem, CGT [Confederação Geral dos Trabalhadores], SDS [Social Democracia
Sindical] e CAT [Central Autônoma dos Trabalhadores], estavam ameaçadas de não mais
existir. Juntas podem atuar como uma terceira via, uma vez
que existe bipolarização entre
CUT e Força. Vale lembrar que
não há como acomodar mais dirigentes na cúpula dessas duas
centrais", diz o advogado trabalhista João José Sady.
A sobrevivência das centrais
está diretamente ligada à medida provisória que o governo deve editar em breve. Para serem
reconhecidas juridicamente
-com acesso ao financiamento
de 10% do imposto sindical-,
as centrais terão de comprovar
sua representatividade, mediante ao menos quatro critérios: 1) ter filiação de, no mínimo, cem sindicatos distribuídos em cinco regiões do país, 2)
ter no mínimo 20 sindicatos associados em ao menos três regiões; 3) ter sindicatos filiados
em cinco setores econômicos; e
4) cada central terá de ter 5% de
sócios sobre o total de sindicalizados do país -a partir de
2009, sobe para 7%.
Dados parciais da Secretaria
de Relações do Trabalho, do
Ministério do Trabalho, obtidos pela Folha, mostram que, a
partir desse critério, apenas
quatro poderiam ser legalizadas -CUT, Força, Nova Central Sindical (criada a partir de
antigas confederações de trabalhadores) e UGT. Os dados
são de dezembro de 2006, a
partir informações coletadas
na Rais de 2005 e no Cadastro
Nacional de Entidades Sindicais.
"Isoladas, as centrais que se
fundiram não atingiriam representatividade para manter
ou disputar assentos nos conselhos em que hoje participam,
como o do FAT ou FGTS", diz
João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força.
Para o consultor João Guilherme Vargas Neto, a união é
positiva. "É como se o movimento sindical redescobrisse o
potencial da palavra união."
Com a criação da UGT, o governo Lula ganha mais uma entidade aliada no movimento
sindical -uma vez que a central não nasce para se opor à
administração petista e é formada por lideranças que, em
sua maior parte, apoiaram a
reeleição de Lula. "Essas entidades [as centrais que se fundem] agem como uma força auxiliar do governo", diz Sady.
Apesar de não comparecer
ao congresso de fundação da
UGT, que termina hoje em São
Paulo, Lula enviou dois representantes -os ministros Luiz
Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Marinho (Previdência). O presidente havia
confirmado sua ida ao evento,
mas desistiu na semana passada, após pressão dos sindicalistas da CUT e da Força, segundo
a Folha apurou, porque Lula
não compareceu aos congressos dessas centrais.
Para Ricardo Patah, que presidirá a UGT, a entidade vai
agir de forma independente e
vai manifestar "oposição ao
neoliberalismo" e "ao combate
à corrupção e aos processos de
exclusão social". No congresso,
houve a adesão de 600 entidades à UGT que representam 5
milhões de trabalhadores.
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