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Lula espera pelo menos mais três cortes nas taxas de juros
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula espera que
o Copom (Comitê de Política
Monetária) não interrompa o
processo de queda nos juros na
reunião deste mês e ainda mantenha essa tendência, pelo menos, nos próximos dois encontros. Amanhã, confirmadas as
previsões, o comitê deverá
anunciar a quinta redução seguida na taxa básica de juros da
economia, a Selic.
Dentro do governo Lula, a
avaliação é que o Banco Central
tem margem para manter os
cortes nas reuniões de setembro e outubro, só então suspendendo o processo de flexibilização da política monetária.
O presidente, do seu lado, deseja não só que a queda continue além do encontro desta semana mas que a equipe de Henrique Meirelles adote uma política que impeça uma alta de juros em 2010 -quando o petista
espera eleger a ministra Dilma
Rousseff sua sucessora.
O recado foi passado a Meirelles na conversa com o presidente na semana passada. A taxa de juros básica da economia
está hoje em 9,25% ao ano. Assessores de Lula acreditam que
o BC fará amanhã um corte de
0,50 ponto percentual, o que
reduzirá a taxa a 8,75% -a mesma estimada pelo mercado.
Depois, o BC teria ainda condições, dentro das análises da
equipe de Guido Mantega (Fazenda), de fazer novas reduções
que totalizariam 0,50 ponto
percentual. Isso poderia ser feito em duas etapas, de 0,25 ponto percentual cada uma, em setembro e em outubro, mantendo um clima positivo para o
reaquecimento da economia.
Na equipe econômica, porém, há dúvidas se o BC realmente seguirá o desejo presidencial e manterá a queda dos
juros. Em sua última reunião, a
equipe de Meirelles chegou a
sinalizar que o processo de alívio na política monetária estaria próximo do fim.
Em seu comunicado de junho, quando o Copom surpreendeu e reduziu os juros em
um ponto percentual, o órgão
disse que "qualquer flexibilização monetária adicional deverá
ser implementada de maneira
mais parcimoniosa".
O mercado fez, então, a leitura de que, diante dessa indicação do Copom, o corte esperado para a reunião deste mês seria o último do ano. Só que, depois disso, os dados da economia continuaram indicando
uma inflação sob controle, condizente com a meta de 4,5% para o final de 2009.
Apesar da piora nas estimativas de mercado divulgadas pelo
BC, apontando uma inflação
medida pelo IPCA neste ano de
4,53%, a equipe de Lula estima
que ela fechará 2009 em 4,42%.
Outro ponto avaliado é que
as reduções de juros promovidas a partir de agora pelo BC
têm impacto maior sobre a atividade econômica no início de
2010 do que neste ano. Isso
porque as mudanças nos juros
levam até nove meses para ter
impacto na economia real.
O maior medo no BC é cortar
demais, agora, e ter que subir os
juros no primeiro semestre do
ano que vem, quando o debate
eleitoral estará começando.
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