São Paulo, terça-feira, 21 de julho de 2009

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Gasto só se sustenta com crescimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para que o governo federal consiga manter seu gastos nos níveis atuais, é preciso que a economia volte a crescer rapidamente. Na avaliação de especialistas, foi o aumento da arrecadação antes da crise que financiou o crescimento das despesas públicas, e só uma recuperação nessas receitas é que pode manter o equilíbrio das contas da União.
"O crescimento é a variável-chave desse processo. Se o PIB não se comportar como o esperado, esse cenário [de equilíbrio fiscal] não se concretiza", afirma Rogério Sobreira, professor da FGV do Rio.
Para Sobreira, o governo acertou em reduzir impostos em alguns segmentos, como o de automóveis e eletrodomésticos, pois, mesmo que isso leve a uma perda de arrecadação no curto prazo, as medidas devem estimular a recuperação da economia.
Por outro lado, ele critica ações como o aumento salarial ao funcionalismo público, devido a seu caráter permanente, mesmo com arrecadação menor.
Ainda assim, Sobreira diz que não é o momento de falar em redução de gastos públicos, sendo melhor aguardar uma melhora no cenário econômico. "Nessas circunstâncias de crise, falar em corte compensatório de gastos não é um discurso muito adequado", diz.
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, o governo não se preparou de maneira adequada para enfrentar uma possível queda na arrecadação de impostos e por isso enfrenta dificuldades na atual crise. "A gestão fiscal no Brasil preocupa, mas não é de hoje. O aumento de arrecadação dos últimos anos foi usado para financiar gastos muito rígidos, que não podem ser alterados quando a arrecadação cai."
Campos Neto diz que a política de gastos do governo reduz a competitividade da economia brasileira, já que faz com que a carga tributária seja mantida em níveis elevados para que consiga financiar todas as despesas públicas.
O economista ressalta que a retomada do crescimento no ano que vem pode amenizar a situação.
Enquanto o governo fala em crescimento de 1% do PIB neste ano, os analistas de mercado projetam queda de 0,34% e, para 2010, alta de 3,6%. Já o FMI vê queda de 1,3% neste ano e alta de 2,5% em 2010.


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