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Gasto só se sustenta com crescimento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para que o governo federal consiga manter seu
gastos nos níveis atuais, é
preciso que a economia
volte a crescer rapidamente. Na avaliação de especialistas, foi o aumento da
arrecadação antes da crise
que financiou o crescimento das despesas públicas, e só uma recuperação
nessas receitas é que pode
manter o equilíbrio das
contas da União.
"O crescimento é a variável-chave desse processo. Se o PIB não se comportar como o esperado,
esse cenário [de equilíbrio
fiscal] não se concretiza",
afirma Rogério Sobreira,
professor da FGV do Rio.
Para Sobreira, o governo
acertou em reduzir impostos em alguns segmentos,
como o de automóveis e
eletrodomésticos, pois,
mesmo que isso leve a uma
perda de arrecadação no
curto prazo, as medidas
devem estimular a recuperação da economia.
Por outro lado, ele critica ações como o aumento
salarial ao funcionalismo
público, devido a seu caráter permanente, mesmo
com arrecadação menor.
Ainda assim, Sobreira
diz que não é o momento
de falar em redução de
gastos públicos, sendo melhor aguardar uma melhora no cenário econômico.
"Nessas circunstâncias de
crise, falar em corte compensatório de gastos não é
um discurso muito adequado", diz.
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do
Banco Schahin, o governo
não se preparou de maneira adequada para enfrentar uma possível queda na
arrecadação de impostos e
por isso enfrenta dificuldades na atual crise. "A
gestão fiscal no Brasil
preocupa, mas não é de
hoje. O aumento de arrecadação dos últimos anos
foi usado para financiar
gastos muito rígidos, que
não podem ser alterados
quando a arrecadação cai."
Campos Neto diz que a
política de gastos do governo reduz a competitividade da economia brasileira, já que faz com que a
carga tributária seja mantida em níveis elevados para que consiga financiar
todas as despesas públicas.
O economista ressalta
que a retomada do crescimento no ano que vem pode amenizar a situação.
Enquanto o governo fala
em crescimento de 1% do
PIB neste ano, os analistas
de mercado projetam queda de 0,34% e, para 2010,
alta de 3,6%. Já o FMI vê
queda de 1,3% neste ano e
alta de 2,5% em 2010.
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