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Financiamento a exportadores vai limitar intervenção do BC no câmbio
NEY HAYASHI DA CRUZ
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A concessão de financiamentos
a exportadores irá reduzir o poder
do Banco Central em intervir no
mercado de câmbio. A limitação
está prevista no novo acordo com
o FMI (Fundo Monetário Internacional), que impõe restrições à
quantidade de dólares que o BC
pode vender aos bancos.
O BC pretende colocar US$ 2 bilhões no mercado para que os
bancos possam financiar empresas exportadoras. O primeiro leilão, de US$ 100 milhões, está marcado para sexta-feira.
O acordo com o FMI, porém,
impede que o BC venda mais de
US$ 3 bilhões ao mercado num
prazo de 30 dias corridos. Nesse
limite estão incluídos tanto os créditos concedidos aos exportadores quanto as intervenções feitas
para conter a alta do dólar.
Ou seja: se o BC emprestar US$
2 bilhões para os exportadores em
um mês, restará US$ 1 bilhão para
vendas diretas ao mercado no período. Neste mês, as vendas diretas de dólares feitas pelo BC somam cerca de US$ 1,2 bilhão.
Ainda não foi definido o prazo
para que os US$ 2 bilhões em créditos sejam ofertados aos bancos.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, a intenção do BC é que
isso seja feito "no espaço de tempo mais curto possível".
Para Figueiredo, o limite de US$
3 bilhões fixado pelo FMI "não será um problema, com certeza".
Segundo ele, a concessão de créditos para exportação irá permitir
que as empresas aumentem suas
vendas para o exterior. Com isso,
aumentaria a entrada de dólares
no país e diminuiria a necessidade
de o BC intervir no câmbio.
"É como se fosse uma intervenção só para as exportações", disse
o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Beny Parnes.
Figueiredo afirmou ainda que o
limite de US$ 3 bilhões é algo que
"pode ser discutido" com o FMI,
ou seja, pode ser alterado de acordo com as necessidades do governo -desde que haja concordância da diretoria do Fundo. Isso
significa que, caso exista demanda, a quantidade de dólares a ser
oferecida aos exportadores poderá ser ampliada.
Desconfiança
Nas últimas semanas, a desconfiança do mercado em relação ao
futuro da economia brasileira fez com que se reduzisse a quantidade de linhas de crédito direcionadas para bancos e empresas instaladas no país. De acordo com Parnes, o total dessas linhas de crédito caiu de US$ 13,7 bilhões, em janeiro, para US$ 11,8 bilhões no último dia 15.
Para tentar amenizar o problema, o governo vai aumentar, até o
final do ano, a oferta de recursos
no mercado em cerca de US$ 4,6
bilhões. Esse dinheiro virá do BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), das reservas internacionais do país, do FAT (Fundo
de Amparo ao Trabalhador) e de
captações do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no mercado internacional.
Segundo Parnes, a alta do dólar tem feito com que os exportadores corram para os bancos para poder fechar seus contratos de câmbio.
Mecanismos
Os créditos aos exportadores serão oferecidos por meio dos 25
bancos autorizados a fazer operações com o BC -conhecidos como "dealers". Esses bancos irão comprar os dólares do BC e irão repassar os reais correspondentes
aos exportadores.
O prazo máximo dos financiamentos é de 180 dias. Após esse
período, os bancos terão de pagar
ao BC, em reais, o equivalente aos
dólares comprados inicialmente,
mais juros determinada no momento do leilão.
A taxa de câmbio utilizada para
o pagamento ao BC será a de dois
dias antes do vencimento. No caso de um eventual calote por parte
das empresas, o prejuízo terá de
ser arcado pelas instituições financeiras, e não pelo BC.
Após comprar os dólares do BC,
os bancos terão até dois dias úteis
para repassar os recursos para os
exportadores. Caso isso não ocorra, o dinheiro deverá ser devolvido aos cofres do governo.
Terão prioridade nos leilões do
BC os bancos que tenham concedido a maior quantidade de crédito a exportadores nas últimas semanas. Ou seja, quanto mais financiamentos os bancos concederem por conta própria, mais dólares poderão comprar direto do BC. O objetivo é evitar que os bancos parem de conceder empréstimos com dinheiro próprio
para fazê-lo com os recursos das reservas internacionais.
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