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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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Piva diz que é "importante relaxar a política monetária"; outras entidades empresariais concordam

Pela 1ª vez no ano, Fiesp elogia decisão do BC

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) elogiou ontem a queda na taxa de juros, mas afirmou que, mesmo com a diminuição, o Brasil ainda está longe do "paraíso", pois mantém um dos percentuais mais elevados do mundo.
"Não posso deixar de elogiar essa queda e dizer que o Banco Central mantém o gradualismo, a cautela. Acredito que houve um entendimento de que era possível fazer uma redução com responsabilidade", afirmou o presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva.
O corte de 2,5 pontos percentuais provocou na entidade uma postura diferente da que vinha manifestando nos últimos três meses, período em que se consolidou como uma das principais vozes críticas às decisões do Copom (Comitê de Política Monetária), consideradas tímidas na maioria das vezes em relação aos juros.
Na avaliação de Piva, a diminuição dos juros vem em boa hora. De acordo com ele, "a conversa de que não poderia haver redução nesse momento porque seria ato irresponsável não tinha sentido diante de uma economia entrando em recessão e de uma trajetória de inflação apontando para baixo".
Ter cautela hoje, declarou o presidente da Fiesp, pressupõe uma postura distinta daquela adotada há dois ou três meses. "O ambiente econômico era completamente diferente. O governo está procurando trabalhar pelo método da confiança. É importante relaxar a política monetária", disse Piva, que completou: "Tenho a impressão de que foi uma medida bastante acertada e de que vai ser bem absorvida pelo mercado".
Piva afirmou esperar que a diminuição dos juros cause uma redução proporcional na taxa de capitação final para o consumidor.
O presidente da Fiesp disse, no entanto, que, como industrial, "quer sempre uma taxa mais baixa": "Nós continuamos trabalhando no Brasil com uma das taxas de juros mais altas do mundo, que cria uma extraordinária assimetria com os países com quem nós mantemos negócios".
Piva disse que "ousadia" seria o corte de três pontos percentuais. Ele declarou esperar que "a gente continue conseguindo ousar" na redução para que se chegue no final do ano com uma taxa mais "adequada". Para ele, até lá a Selic pode cair para 18%.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) também aprovou a decisão. A entidade divulgou nota após a queda na qual afirma que "a decisão do Copom veio ao encontro do que o setor industrial vem defendendo".
Segundo a CNI, a medida não coloca em risco o controle da inflação. "Sinto-me satisfeito porque, como disse ontem, um corte inferior a 2,5 pontos percentuais nos deixaria frustrados, pois há espaço para uma redução deste nível", afirmou na nota o presidente Armando Monteiro Neto.
De acordo com a entidade, a redução foi "uma sinalização positiva para os agentes econômicos e mostra que o governo está caminhando na direção de afrouxar a política monetária, o que é bom para a produção e para a manutenção do emprego".
Entidades de setor como Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Abief (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis) e Abimaq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos), entre outras, elogiaram a decisão do Banco Central, apesar de ressaltarem que os patamares dos juros ainda estão muito elevados.


Colaborou Maeli Prado, da Reportagem Local


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