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Piva diz que é "importante relaxar a política monetária"; outras entidades empresariais concordam
Pela 1ª vez no ano, Fiesp elogia decisão do BC
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) elogiou ontem a queda na taxa de juros, mas afirmou que, mesmo
com a diminuição, o Brasil ainda
está longe do "paraíso", pois
mantém um dos percentuais mais
elevados do mundo.
"Não posso deixar de elogiar essa queda e dizer que o Banco Central mantém o gradualismo, a
cautela. Acredito que houve um
entendimento de que era possível
fazer uma redução com responsabilidade", afirmou o presidente
da Fiesp, Horacio Lafer Piva.
O corte de 2,5 pontos percentuais provocou na entidade uma
postura diferente da que vinha
manifestando nos últimos três
meses, período em que se consolidou como uma das principais vozes críticas às decisões do Copom
(Comitê de Política Monetária),
consideradas tímidas na maioria
das vezes em relação aos juros.
Na avaliação de Piva, a diminuição dos juros vem em boa hora.
De acordo com ele, "a conversa de
que não poderia haver redução
nesse momento porque seria ato
irresponsável não tinha sentido
diante de uma economia entrando em recessão e de uma trajetória de inflação apontando para
baixo".
Ter cautela hoje, declarou o presidente da Fiesp, pressupõe uma
postura distinta daquela adotada
há dois ou três meses. "O ambiente econômico era completamente
diferente. O governo está procurando trabalhar pelo método da
confiança. É importante relaxar a
política monetária", disse Piva,
que completou: "Tenho a impressão de que foi uma medida bastante acertada e de que vai ser
bem absorvida pelo mercado".
Piva afirmou esperar que a diminuição dos juros cause uma redução proporcional na taxa de capitação final para o consumidor.
O presidente da Fiesp disse, no
entanto, que, como industrial,
"quer sempre uma taxa mais baixa": "Nós continuamos trabalhando no Brasil com uma das taxas de juros mais altas do mundo,
que cria uma extraordinária assimetria com os países com quem
nós mantemos negócios".
Piva disse que "ousadia" seria o
corte de três pontos percentuais.
Ele declarou esperar que "a gente
continue conseguindo ousar" na
redução para que se chegue no final do ano com uma taxa mais
"adequada". Para ele, até lá a Selic
pode cair para 18%.
A CNI (Confederação Nacional
da Indústria) também aprovou a
decisão. A entidade divulgou nota
após a queda na qual afirma que
"a decisão do Copom veio ao encontro do que o setor industrial
vem defendendo".
Segundo a CNI, a medida não
coloca em risco o controle da inflação. "Sinto-me satisfeito porque, como disse ontem, um corte
inferior a 2,5 pontos percentuais
nos deixaria frustrados, pois há
espaço para uma redução deste
nível", afirmou na nota o presidente Armando Monteiro Neto.
De acordo com a entidade, a redução foi "uma sinalização positiva para os agentes econômicos e
mostra que o governo está caminhando na direção de afrouxar a
política monetária, o que é bom
para a produção e para a manutenção do emprego".
Entidades de setor como Abit
(Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Abief (Associação
Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis) e Abimaq (Associação Brasileira dos Fabricantes
de Máquinas e Equipamentos),
entre outras, elogiaram a decisão
do Banco Central, apesar de ressaltarem que os patamares dos juros ainda estão muito elevados.
Colaborou Maeli Prado, da Reportagem Local
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