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Após 5 quedas seguidas, renda volta a crescer
Desemprego fica estável em 8%, melhor taxa para julho desde 2002; para analistas, dados mostram que mercado reage à crise
População economicamente ativa também cresceu, sinal de que quem havia desistido de procurar emprego voltou a buscar uma colocação
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
O aumento do emprego com
carteira assinada fez com que a
renda do trabalhador registrasse a primeira alta após cinco
quedas consecutivas. Em julho,
o trabalhador recebeu, em média, R$ 1.323,30, 0,5% a mais do
que em junho. No acumulado
de janeiro a julho, a renda média chegou a R$ 1.333,92, o melhor nível para o período desde
2003. O rendimento recorde
foi observado em todos os setores avaliados pelo IBGE.
A taxa de desemprego nas
seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 8%
em julho, estável em relação
aos 8,1% de junho. Apesar de
não ter repetido a queda de 0,7
ponto percentual verificada no
mês anterior, o resultado foi o
menor da série iniciada em
2002 e reforçou a impressão de
analistas de que o mercado de
trabalho reage à crise.
O estatístico Cimar Azeredo,
coordenador da pesquisa do
IBGE, destacou que os dados de
julho são "bastante favoráveis,
porque mostram que o mercado está aquecido, e a taxa de desocupação, embora estável,
tem tendência de queda".
De acordo com a pesquisa, o
número de pessoas ocupadas
aumentou 185 mil (ou 0,9%) no
mês, chegando a 21,3 milhões.
É na comparação com o ano
passado, porém, que os analistas veem o principal aspecto
positivo: depois de ver seu crescimento desacelerar progressivamente desde janeiro, chegando a encolher 0,1% em junho, o volume de trabalhadores
nas regiões pesquisadas apresentou a primeira alta na comparação anual, de 1,1%.
O fato só não resultou em
queda da taxa de desemprego
porque a população economicamente ativa, que abrange
empregados e desempregados
à procura de trabalho, voltou a
crescer. Em junho, ela tinha ficado estável.
Para a economista Thaís
Marzola Zara, da consultoria
Rosenberg & Associados, isso
pode ser um sinal de que o "desalento" está chegando ao fim
com a recuperação da confiança na economia. "Nos próximos
meses a gente espera que os
trabalhadores que tinham deixado de procurar emprego possam voltar à população economicamente ativa, e isso deve
elevar a taxa de desemprego."
Outro fator importante verificado em julho é que o crescimento ocorreu principalmente
no mercado formal, que abriu
142 mil vagas com carteira assinada a mais do que em junho.
Apenas em São Paulo, principal
mercado, o aumento foi de 106
mil postos formais, especialmente no comércio.
O analista Fábio Romão, da
LCA Consultores, destaca que,
ao longo do ano, esse setor tem
contribuído, junto com os setores de serviços e a construção
civil, para segurar a taxa de desemprego em um dígito, já que
a indústria perdeu 171 mil vagas
(-4,7%) em relação ao mês de
julho de 2008.
"A indústria sofre não só com
a queda das exportações mas
também porque a confiança e o
crédito foram abalados com a
crise. Mas já há sinais de retomada", diz. Na comparação
com junho, o setor criou 9.000
postos, alta de 0,3%.
Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online
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