São Paulo, sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Após 5 quedas seguidas, renda volta a crescer

Desemprego fica estável em 8%, melhor taxa para julho desde 2002; para analistas, dados mostram que mercado reage à crise

População economicamente ativa também cresceu, sinal de que quem havia desistido de procurar emprego voltou a buscar uma colocação


DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

O aumento do emprego com carteira assinada fez com que a renda do trabalhador registrasse a primeira alta após cinco quedas consecutivas. Em julho, o trabalhador recebeu, em média, R$ 1.323,30, 0,5% a mais do que em junho. No acumulado de janeiro a julho, a renda média chegou a R$ 1.333,92, o melhor nível para o período desde 2003. O rendimento recorde foi observado em todos os setores avaliados pelo IBGE.
A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país ficou em 8% em julho, estável em relação aos 8,1% de junho. Apesar de não ter repetido a queda de 0,7 ponto percentual verificada no mês anterior, o resultado foi o menor da série iniciada em 2002 e reforçou a impressão de analistas de que o mercado de trabalho reage à crise.
O estatístico Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa do IBGE, destacou que os dados de julho são "bastante favoráveis, porque mostram que o mercado está aquecido, e a taxa de desocupação, embora estável, tem tendência de queda". De acordo com a pesquisa, o número de pessoas ocupadas aumentou 185 mil (ou 0,9%) no mês, chegando a 21,3 milhões.
É na comparação com o ano passado, porém, que os analistas veem o principal aspecto positivo: depois de ver seu crescimento desacelerar progressivamente desde janeiro, chegando a encolher 0,1% em junho, o volume de trabalhadores nas regiões pesquisadas apresentou a primeira alta na comparação anual, de 1,1%. O fato só não resultou em queda da taxa de desemprego porque a população economicamente ativa, que abrange empregados e desempregados à procura de trabalho, voltou a crescer. Em junho, ela tinha ficado estável.
Para a economista Thaís Marzola Zara, da consultoria Rosenberg & Associados, isso pode ser um sinal de que o "desalento" está chegando ao fim com a recuperação da confiança na economia. "Nos próximos meses a gente espera que os trabalhadores que tinham deixado de procurar emprego possam voltar à população economicamente ativa, e isso deve elevar a taxa de desemprego." Outro fator importante verificado em julho é que o crescimento ocorreu principalmente no mercado formal, que abriu 142 mil vagas com carteira assinada a mais do que em junho.
Apenas em São Paulo, principal mercado, o aumento foi de 106 mil postos formais, especialmente no comércio. O analista Fábio Romão, da LCA Consultores, destaca que, ao longo do ano, esse setor tem contribuído, junto com os setores de serviços e a construção civil, para segurar a taxa de desemprego em um dígito, já que a indústria perdeu 171 mil vagas (-4,7%) em relação ao mês de julho de 2008.
"A indústria sofre não só com a queda das exportações mas também porque a confiança e o crédito foram abalados com a crise. Mas já há sinais de retomada", diz. Na comparação com junho, o setor criou 9.000 postos, alta de 0,3%.

Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online



Texto Anterior: Saiba mais: Maior perda é de tributo sobre o faturamento
Próximo Texto: Comerciários perdem 31% da renda em 10 anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.