São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mineradoras contestam estudo do BNDES

Associação do setor diz que o banco estatal não tem dados completos das empresas, que estão revisando seus planos

Mineradoras veem com desconfiança críticas do governo ao setor e vontade de elevar taxação sobre a exploração de minérios

Ricardo Moraes - 25.jun.2009/Associated Press
Os presidentes da Vale (esq.), Roger Agnelli, e da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; para BNDES, setor do 1º investe menos que o do 2º

DA REPORTAGEM LOCAL

Criticadas pelo governo por não investir o que deveriam para tirar o país da crise, as empresas mineradoras reagiram.
O Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), entidade que congrega as maiores companhias do setor, entre elas a Vale, questionou a capacidade do BNDES de medir cenários de investimentos na área.
"Os números divulgados pelo BNDES são muito inferiores aos planos efetivos de investimentos das empresas mineradoras", disse Paulo Camillo Penna, presidente da entidade.
Camillo considerou ainda uma "ameaça" ao setor os "insistentes" anúncios do Ministério de Minas e Energia de mudar o marco regulatório para a exploração de minérios. "Soam sempre aos ouvidos do investidor como uma ameaça."

Queda dos investimentos
Estudo do BNDES mostra queda ininterrupta dos investimentos planejados pelo setor de mineração para 2009/2012. Os planos de investimentos para o período teriam partido de R$ 72 bilhões antes da crise, atingiram R$ 52 bilhões em dezembro do ano passado e caíram ainda mais em agosto último, para R$ 46 bilhões -redução de R$ 26 bilhões.
Segundo Ernani Torres Filho, superintendente de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES, a queda é maior do que aquela divulgada pelas próprias empresas do setor. "Nossa percepção é a de que o setor teria um potencial de investimento muito maior."
Em entrevista à Folha, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) cobrou da Vale, empresa líder do setor, maior compromisso com o país. "É uma empresa privada delicada", que não pode sair por aí "explorando recursos naturais do país e não devolver nada".
Camillo, presidente do Ibram, diz que os números do BNDES estão errados porque o banco, e talvez outros órgãos do governo, não tem todas as informações disponíveis de dentro das empresas.
O Ibram não possui estimativas de investimentos para o período 2009/2012. Suas previsões cobrem um período um pouco maior, de 2009 a 2013, para o qual as empresas investiriam R$ 94 bilhões.
"Entre R$ 46 bilhões e R$ 94 bilhões existe uma discrepância monstruosa", disse Camillo.
Segundo ele, muitas empresas do setor estão rearranjando seu portfólio de minerais, deixando de investir em um para apostar em outro. "É provável que o BNDES não registre a realocação dos investimentos."
Camillo contestou a vontade do governo de limitar o prazo de exploração mineral, aumentar os royalties e instituir uma participação especial, a ser paga pelas empresas ao governo. "Isso não parece exatamente uma ideia para fomentar investimentos. Soa mais como uma ameaça." (MARCIO AITH)


Texto Anterior: Investimento volta com Estado, diz BNDES
Próximo Texto: Banco vê expansão de 5% sem inflação em 2010
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.