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Mineradoras contestam estudo do BNDES
Associação do setor diz que o banco estatal não tem dados completos das empresas, que estão revisando seus planos
Mineradoras veem com desconfiança críticas do governo ao setor e vontade de elevar taxação sobre a exploração de minérios
Ricardo Moraes - 25.jun.2009/Associated Press
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Os presidentes da Vale (esq.), Roger Agnelli, e da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; para BNDES, setor do 1º investe menos que o do 2º
DA REPORTAGEM LOCAL
Criticadas pelo governo por
não investir o que deveriam para tirar o país da crise, as empresas mineradoras reagiram.
O Ibram (Instituto Brasileiro
de Mineração), entidade que
congrega as maiores companhias do setor, entre elas a Vale,
questionou a capacidade do
BNDES de medir cenários de
investimentos na área.
"Os números divulgados pelo
BNDES são muito inferiores
aos planos efetivos de investimentos das empresas mineradoras", disse Paulo Camillo
Penna, presidente da entidade.
Camillo considerou ainda
uma "ameaça" ao setor os "insistentes" anúncios do Ministério de Minas e Energia de
mudar o marco regulatório para a exploração de minérios.
"Soam sempre aos ouvidos do
investidor como uma ameaça."
Queda dos investimentos
Estudo do BNDES mostra
queda ininterrupta dos investimentos planejados pelo setor
de mineração para 2009/2012.
Os planos de investimentos para o período teriam partido de
R$ 72 bilhões antes da crise,
atingiram R$ 52 bilhões em dezembro do ano passado e caíram ainda mais em agosto último, para R$ 46 bilhões -redução de R$ 26 bilhões.
Segundo Ernani Torres Filho, superintendente de pesquisa e acompanhamento econômico do BNDES, a queda é
maior do que aquela divulgada
pelas próprias empresas do setor. "Nossa percepção é a de
que o setor teria um potencial
de investimento muito maior."
Em entrevista à Folha, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) cobrou da Vale, empresa líder do setor, maior compromisso com o país. "É uma empresa privada delicada", que
não pode sair por aí "explorando recursos naturais do país e
não devolver nada".
Camillo, presidente do
Ibram, diz que os números do
BNDES estão errados porque o
banco, e talvez outros órgãos
do governo, não tem todas as
informações disponíveis de
dentro das empresas.
O Ibram não possui estimativas de investimentos para o período 2009/2012. Suas previsões cobrem um período um
pouco maior, de 2009 a 2013,
para o qual as empresas investiriam R$ 94 bilhões.
"Entre R$ 46 bilhões e R$ 94
bilhões existe uma discrepância monstruosa", disse Camillo.
Segundo ele, muitas empresas do setor estão rearranjando
seu portfólio de minerais, deixando de investir em um para
apostar em outro. "É provável
que o BNDES não registre a
realocação dos investimentos."
Camillo contestou a vontade
do governo de limitar o prazo
de exploração mineral, aumentar os royalties e instituir uma
participação especial, a ser paga pelas empresas ao governo.
"Isso não parece exatamente
uma ideia para fomentar investimentos. Soa mais como uma
ameaça."
(MARCIO AITH)
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