São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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EUROLÂNDIA

País vai estourar déficit

Alemanha diz que não questiona metas da UE

DA REDAÇÃO

O chanceler alemão Gerhard Schröder afirmou ontem que a Alemanha não questiona as metas orçamentárias do Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE (União Européia), mas quer seguir políticas voltadas para o crescimento do país.
Na semana passada, a Alemanha, maior economia européia, admitiu que vai estourar o limite de déficit público estabelecido para os membros da UE.
Ao extrapolarem a meta fiscal, os alemães desafiam a credibilidade da disciplina orçamentária para os países do bloco e ficam sujeitos a sanções econômicas e a multas.
A afirmação de Schröder, durante congresso de seu partido -social democrata-, contrasta com a notícia de que ele tentaria impedir um processo da União Européia contra a Alemanha por déficit excessivo.
"Nós queremos continuar a política de consolidação [orçamentária", mas vamos lutar para conquistar a flexibilidade necessária para fazer, de forma apropriada, a consolidação da economia", disse Schröder durante o congresso, que aprovou o novo programa do governo.
O Pacto de Estabilidade e Crescimento foi adotado em 97 para forçar os países do bloco a registrar déficits inferiores a 3% do PIB (Produto Interno Bruto, total de riquezas produzidas pelo país em um ano).
O novo governo informou que terá de fazer mais empréstimos do que estava planejado no triênio 2003/5 para ajudar a economia a enfrentar, segundo economistas, uma recessão moderada neste inverno.
Segundo fonte da agência Reuters, amanhã deverá ser anunciado um corte na previsão de crescimento, de 0,9% para 0,4%, para este ano. Para 2003, a previsão é que o corte seja revisto de 2,4% para 1,4%.

Estouro admitido
Hans Eichel, ministro das Finanças, admitiu pela primeira vez nesta semana que a Alemanha vai estourar o limite de 3% do déficit público. "Não é possível ter crescimento durável e não consolidar as finanças públicas", disse Eichel.
"O Pacto de Estabilidade e Crescimento não é uma invenção neoliberal. Também foi feito por social-democratas e por isso é necessário ter flexibilidade."
No começo deste ano, os países-membros da União Européia concordaram em equilibrar seus déficits públicos até 2004. Mas Alemanha, França e Itália informaram agora que não cumprirão essa meta.
O presidente da Comissão Européia, o italiano Romano Prodi, provocou uma tempestade ao classificar o pacto como "estúpido, como todas as decisões que são rígidas".
Prodi defende que o pacto deveria ter regras mais flexíveis, sobretudo em relação ao déficit público de todos os países integrantes do bloco.


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