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TENSÃO PÓS-COPOM
Para presidente, é preciso cuidado em momentos de euforia
Lula não fala sobre juros, mas celebra expansão e emprego
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva não fez comentários explícitos sobre a decisão do Banco
Central de elevar os juros em 0,5
ponto percentual. Mas comemorou a alta do emprego, a recuperação da economia e disse que o
país não vai mais encarar "vôos
de galinha" no crescimento,
As declarações foram dadas em
discurso na noite de ontem, na
abertura oficial do Salão do Automóvel, em São Paulo. O presidente não respondeu a perguntas.
Lula disse que, "em momentos
de euforia, temos que ter em conta que é melhor andar com passos
mais lentos do que dar passos
muito grandes e quebrar a cara".
De acordo com a presidente, a
economia não teria novo "vôo de
galinha" (períodos de expansão
seguidos pelos de retração), mas
crescimento sustentável.
O presidente disse que, de janeiro a setembro deste ano, foram
criados 1,6 milhão de empregos
formais, ou seja, com carteira assinada. Lula divulgou o resultado
durante discurso em que comentou, diretamente ou usando suas
tradicionais metáforas, a política
econômica do governo.
O presidente falou sobre política comercial, de política fiscal e de
crescimento sustentável, mas ignorou a política monetária em
seu discurso.
Segundo o presidente, a conjuntura econômica favorável deste
ano se repetirá até 2006. "Estamos
maduros, somos adultos. O país é
capaz de competir [no mercado
internacional."
Lula disse que o Brasil hoje cresce tanto com a ajuda das exportações quanto do mercado interno.
Antes, disse, "havia a hora em que
era tudo para o mercado externo e
a hora em que era tudo para o
mercado interno".
Parte do sucesso no setor externo, na avaliação do presidente, se
deve ao fato de o governo ter decidido "alterar a geografia internacional" das exportações brasileiras, respeitando parceiros tradicionais, mas buscando negócios
com novos parceiros, como os
países do Oriente Médio.
Sem travas
O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) também
comemorou a alta do emprego
formal, e disse que a decisão de
ontem do Copom (Comitê de Política Monetária) não comprometerá o crescimento e tampouco reduzirá os investimentos no país.
"Quem está trabalhando, quem
está produzindo, quem está gerando emprego tem que pensar
que nosso crescimento é sustentável e que nós precisamos de investimento", disse o ministro. "Não é
0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto percentual que vai tirar o Brasil
da trajetória atual, pelo contrário,
vai nos manter na trajetória."
Segundo o ministro, a decisão
de ontem, foi uma precaução do
BC. "Na verdade, os horizontes
para frente da inflação são favoráveis e certamente, se o último trimestre do ano confirmar essa tendência [da inflação], vamos entrar em 2005 com uma expectativa novamente de redução da taxa
de juros", disse.
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