São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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TENSÃO PÓS-COPOM

Para presidente, é preciso cuidado em momentos de euforia

Lula não fala sobre juros, mas celebra expansão e emprego

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fez comentários explícitos sobre a decisão do Banco Central de elevar os juros em 0,5 ponto percentual. Mas comemorou a alta do emprego, a recuperação da economia e disse que o país não vai mais encarar "vôos de galinha" no crescimento,
As declarações foram dadas em discurso na noite de ontem, na abertura oficial do Salão do Automóvel, em São Paulo. O presidente não respondeu a perguntas.
Lula disse que, "em momentos de euforia, temos que ter em conta que é melhor andar com passos mais lentos do que dar passos muito grandes e quebrar a cara". De acordo com a presidente, a economia não teria novo "vôo de galinha" (períodos de expansão seguidos pelos de retração), mas crescimento sustentável.
O presidente disse que, de janeiro a setembro deste ano, foram criados 1,6 milhão de empregos formais, ou seja, com carteira assinada. Lula divulgou o resultado durante discurso em que comentou, diretamente ou usando suas tradicionais metáforas, a política econômica do governo.
O presidente falou sobre política comercial, de política fiscal e de crescimento sustentável, mas ignorou a política monetária em seu discurso.
Segundo o presidente, a conjuntura econômica favorável deste ano se repetirá até 2006. "Estamos maduros, somos adultos. O país é capaz de competir [no mercado internacional."
Lula disse que o Brasil hoje cresce tanto com a ajuda das exportações quanto do mercado interno. Antes, disse, "havia a hora em que era tudo para o mercado externo e a hora em que era tudo para o mercado interno".
Parte do sucesso no setor externo, na avaliação do presidente, se deve ao fato de o governo ter decidido "alterar a geografia internacional" das exportações brasileiras, respeitando parceiros tradicionais, mas buscando negócios com novos parceiros, como os países do Oriente Médio.

Sem travas
O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) também comemorou a alta do emprego formal, e disse que a decisão de ontem do Copom (Comitê de Política Monetária) não comprometerá o crescimento e tampouco reduzirá os investimentos no país.
"Quem está trabalhando, quem está produzindo, quem está gerando emprego tem que pensar que nosso crescimento é sustentável e que nós precisamos de investimento", disse o ministro. "Não é 0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto percentual que vai tirar o Brasil da trajetória atual, pelo contrário, vai nos manter na trajetória."
Segundo o ministro, a decisão de ontem, foi uma precaução do BC. "Na verdade, os horizontes para frente da inflação são favoráveis e certamente, se o último trimestre do ano confirmar essa tendência [da inflação], vamos entrar em 2005 com uma expectativa novamente de redução da taxa de juros", disse.


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