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TENSÃO PÓS-COPOM
Parcela atrelada à taxa básica representa 53% do endividamento do governo
Juro elevará dívida em mais de R$ 2 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica -anunciado ontem após reunião do Copom- sobre a parcela da dívida
pública corrigida pelos juros representa um crescimento do endividamento público de aproximadamente R$ 2 bilhões, uma vez
mantida a Selic nesse nível pelo
período de um ano.
Pelos dados da dívida pública
de setembro, divulgados ontem, a
parcela atrelada aos juros básicos
estava em R$ 408,80 bilhões, com
participação de 53% do total da
dívida (considerando-se as operações de "swap" cambial realizadas pelo Banco Central no mercado futuro).
Como hoje a dívida que acompanha a Selic já está maior do que
em setembro (entre outros fatores, pela própria incidência de juros, que subiram 0,25 ponto percentual no mês passado), na verdade o impacto da taxa básica é
superior a R$ 2 bilhões.
A estimativa do impacto da alta
de juros na economia é feita com
base no perfil atual da dívida interna. A conta, de acordo com os
técnicos do Tesouro Nacional, é
realizada calculando-se 0,5% sobre a parcela da dívida interna
corrigida pela Selic (R$ 408,8 bilhões).
Impacto X receita
Apesar de o aumento dos juros
elevar o endividamento do governo federal, analistas consultados
pela Folha, antes de o Copom
(Comitê de Política Monetária do
Banco Central) divulgar a alta de
0,5 ponto percentual na Selic,
consideram que o impacto que a
elevação dos juros terá sobre a dívida pública não será muito significativo e poderá ser compensado
por outros fatores.
Para Julio Gomes de Almeida,
diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a receita que o
governo obteve neste ano com a
cobrança de tributos é suficiente
para compensar os maiores gastos com juros.
"O governo está nadando em
dinheiro", afirma Almeida. Segundo dados da Receita Federal, a
arrecadação de janeiro a setembro foi de R$ 235 bilhões, recorde
para o período.
O economista-chefe do Unibanco Asset Management, Alexandre
Mathias, afirma que o impacto
fiscal da decisão de ontem do
Banco Central é pequeno e que
um aumento dos juros era mesmo necessária.
"Se o BC não começasse a aumentar os juros gradualmente
agora, poderia se ver obrigado a
promover altas mais agressivas
no ano que vem", diz.
Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, ressalta ainda que
a alta dos juros ocorrida nos últimos meses são inferiores às que
costumavam ocorrer no Brasil há
alguns anos.
"Não estamos mais falando de
choques [de juros] de cinco, sete
pontos percentuais", afirma Kawall.
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