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Débito com títulos públicos já teve
aumento de R$ 9,5 bi em setembro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida do governo federal em
títulos públicos aumentou R$ 9,5
bilhões em setembro, para R$
771,30 bilhões. O principal fator
para a elevação foi a incidência de
juros sobre a parcela corrigida pela taxa básica definida mensalmente pelo Banco Central. Em setembro, o Copom subiu os juros
de 16% ao ano para 16,25%.
Um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica sobre a parcela da dívida pública corrigida
pelo juros representaria crescimento do endividamento em R$ 1
bilhão, uma vez mantida a Selic
no mesmo nível por um ano.
Além do efeito dos juros, a dívida aumentou também porque o
Tesouro Nacional emitiu R$ 1 bilhão líquido em papéis no mês
passado, ou seja, a venda de novos
títulos aos investidores do mercado superou nesse valor o total resgatado pelo governo.
Apesar de o valor total ter aumentado, o governo considera
que o perfil da dívida melhorou
de agosto para setembro.
A avaliação se deve a um aumento da parcela corrigida por
juros prefixados, de um lado, e a
um recuo da dívida que acompanha a variação do dólar, de outro.
Já a participação dos títulos ligados à taxa Selic ficou praticamente estável.
Nos títulos prefixados, o governo transfere o risco da variação
dos juros para o investidor. O governo paga os mesmos juros para
o investidor independentemente
de a taxa básica subir ou descer
entre a compra e o resgate. No caso dos papéis pós-fixados (seguem a Selic), o risco é do governo, que tem sempre de atualizar
os juros pagos ao investidor
quando a taxa básica é alterada.
Para a dívida cambial, o raciocínio é o mesmo. Quanto menor a
parcela corrigida pelo dólar, melhor para o governo, pois o endividamento fica menos sujeito às
variações da moeda americana.
No mês passado, a parcela prefixada subiu para 17,46% (R$
134,68 bilhões) do total da dívida,
ante 16,66% no mês anterior. A
participação da dívida cambial
caiu de 13,15% em agosto para
12,32% (R$ 95,03 bilhões) em setembro, já considerando as operações de "swap" [pelas quais o
BC oferece correção em dólar aos
investidores no mercado futuro].
A parte pós-fixada foi de 52,93%
para 53% (R$ 408,80 bilhões).
Segundo o coordenador de
Operações da Dívida Pública do
Tesouro, Ronnie Tavares, a tendência até o final do ano é que a
parcela prefixada da dívida continue a crescer, enquanto a participação dos pós-fixados e a dos
cambiais cairiam.
Questionado se essa previsão
seria mantida mesmo que o BC
continuasse a aumentar os juros
básicos, Tavares respondeu que
sim, mas ressalvou que não necessariamente a parcela pós-fixada
cairia enquanto a pré subiria em
todos os meses.
No caso dos títulos e "swaps"
cambiais, o governo já retirou
neste ano, em termos líquidos,
US$ 27 bilhões, incluindo os gastos com juros sobre essa parcela
da dívida. Como não há mais vencimentos desses papéis em outubro, faltam só os valores de novembro (US$ 700 milhões) e dezembro (US$ 100 milhões).
Outro dado da dívida que piorou foi o prazo médio dos papéis,
que caiu de 29,3 meses para 28,6
meses. Segundo Tavares, isso se
deu porque o governo retirou do
mercado papéis pós-fixados e pôs
no lugar papéis prefixados, que
tradicionalmente têm prazo menor que os primeiros.
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