São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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Débito com títulos públicos já teve aumento de R$ 9,5 bi em setembro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida do governo federal em títulos públicos aumentou R$ 9,5 bilhões em setembro, para R$ 771,30 bilhões. O principal fator para a elevação foi a incidência de juros sobre a parcela corrigida pela taxa básica definida mensalmente pelo Banco Central. Em setembro, o Copom subiu os juros de 16% ao ano para 16,25%.
Um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica sobre a parcela da dívida pública corrigida pelo juros representaria crescimento do endividamento em R$ 1 bilhão, uma vez mantida a Selic no mesmo nível por um ano.
Além do efeito dos juros, a dívida aumentou também porque o Tesouro Nacional emitiu R$ 1 bilhão líquido em papéis no mês passado, ou seja, a venda de novos títulos aos investidores do mercado superou nesse valor o total resgatado pelo governo.
Apesar de o valor total ter aumentado, o governo considera que o perfil da dívida melhorou de agosto para setembro.
A avaliação se deve a um aumento da parcela corrigida por juros prefixados, de um lado, e a um recuo da dívida que acompanha a variação do dólar, de outro. Já a participação dos títulos ligados à taxa Selic ficou praticamente estável.
Nos títulos prefixados, o governo transfere o risco da variação dos juros para o investidor. O governo paga os mesmos juros para o investidor independentemente de a taxa básica subir ou descer entre a compra e o resgate. No caso dos papéis pós-fixados (seguem a Selic), o risco é do governo, que tem sempre de atualizar os juros pagos ao investidor quando a taxa básica é alterada.
Para a dívida cambial, o raciocínio é o mesmo. Quanto menor a parcela corrigida pelo dólar, melhor para o governo, pois o endividamento fica menos sujeito às variações da moeda americana.
No mês passado, a parcela prefixada subiu para 17,46% (R$ 134,68 bilhões) do total da dívida, ante 16,66% no mês anterior. A participação da dívida cambial caiu de 13,15% em agosto para 12,32% (R$ 95,03 bilhões) em setembro, já considerando as operações de "swap" [pelas quais o BC oferece correção em dólar aos investidores no mercado futuro]. A parte pós-fixada foi de 52,93% para 53% (R$ 408,80 bilhões).
Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Ronnie Tavares, a tendência até o final do ano é que a parcela prefixada da dívida continue a crescer, enquanto a participação dos pós-fixados e a dos cambiais cairiam.
Questionado se essa previsão seria mantida mesmo que o BC continuasse a aumentar os juros básicos, Tavares respondeu que sim, mas ressalvou que não necessariamente a parcela pós-fixada cairia enquanto a pré subiria em todos os meses.
No caso dos títulos e "swaps" cambiais, o governo já retirou neste ano, em termos líquidos, US$ 27 bilhões, incluindo os gastos com juros sobre essa parcela da dívida. Como não há mais vencimentos desses papéis em outubro, faltam só os valores de novembro (US$ 700 milhões) e dezembro (US$ 100 milhões).
Outro dado da dívida que piorou foi o prazo médio dos papéis, que caiu de 29,3 meses para 28,6 meses. Segundo Tavares, isso se deu porque o governo retirou do mercado papéis pós-fixados e pôs no lugar papéis prefixados, que tradicionalmente têm prazo menor que os primeiros.


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