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Cidades "encolhem" e devem perder parte de repasse de verbas
Censo 2007, divulgado pelo IBGE neste mês, indica que a população de 3.074 municípios (55% do total) diminuiu
Mais de 70% das prefeituras dependem dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios, formado por parte da arrecadação do IR
MATHEUS PICHONELLI
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
O resultado do Censo 2007
divulgado pelo IBGE neste mês
indica que a população de 3.074
municípios (55% do total) "encolheu". Desses, 488 devem
perder arrecadação do FPM
(Fundo da Participação de Municípios), segundo a Confederação Nacional dos Municípios.
A confederação estima que
mais de 70% das prefeituras dependam dos repasses. Os recursos que compõem o fundo, como IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e IR (Imposto de Renda), são repassados mensalmente. Em 2006,
segundo o Tesouro, foram R$
29,5 bilhões. Com menos habitantes, as cidades terão repasses menores de ICMS e de programas federais. Um dos critérios da União para os repasses é
o tamanho da população.
Em ao menos quatro dos cinco Estados onde houve mais
municípios que "encolheram",
as associações que representam as prefeituras disseram
que contestarão os dados.
"Quase todos os municípios
vão se valer desse recurso porque o censo foi feito com GPS
[sistema de orientação por satélite] e é possível provar e localizar quem não foi recenseado", disse Paulo Ziulkoski, presidente da confederação. Os dados consolidados serão encaminhados para o Tribunal de
Contas da União e passarão a
valer a partir de janeiro.
As associações de municípios
alegam que os recenseadores
não contaram pessoas ou não
consideraram bairros. Em
Rondônia, a entidade local afirmou que todas as prefeituras
vão contestar os dados.
O presidente da Associação
Amazonense de Municípios,
Anderson José de Souza, enviou ofício à deputada Vanessa
Grazziotin (PC do B-AM) dizendo que a metodologia "tem
sido prejudicial aos municípios
do Norte". Souza cita o caso de
Iranduba (AM), que estima
perder R$ 1,8 milhão por ano.
A União dos Municípios da
Bahia também adiantou que os
recursos estão sendo providenciados pelas prefeituras porque
há "dados estranhos" no resultado, como o fato de terem sido
contabilizados 1.164 domicílios
fechados em Camacã.
Em São Paulo, o único município que comunicou a intenção de contestar o levantamento à Associação Paulista de Municípios foi Itu, que estimava
ter 150 mil habitantes, o necessário para obter o percentual
máximo de repasses do FPM.
Porém, para o IBGE, possui 147
mil. O órgão informou que cada
caso será analisado.
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