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Brasil terá 1º crédito de carbono por plantar mata nativa
Projeto de reflorestamento da AES Tietê em SP, pioneiro do tipo no mundo, ganha aval da ONU para vender crédito ambiental
Empresa prevê retirar da atmosfera 3 milhões de toneladas de CO2, o que representaria R$ 130 mi
em Bolsas internacionais
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
O primeiro projeto de reflorestamento de matas nativas
do mundo com direito a gerar
créditos de carbono -a "moeda" que ajuda a frear o aquecimento global- foi aprovado
sexta-feira pela comissão da
ONU (Organização das Nações
Unidas) responsável pelo tema.
E ele fica no Brasil.
É um projeto de reflorestamento de matas à beira de rios e
de reservatórios de água que
geram energia da AES Tietê, no
Estado de São Paulo.
A empresa já reflorestou
1.450 hectares, mas o projeto
prevê o plantio de espécies nativas em uma área total de 10
mil hectares.
A aprovação pela ONU significa que os créditos ambientais
gerados com esse projeto valem como parte das metas de
redução de emissões de gases
que aceleram o efeito estufa
dentro do Protocolo de Kyoto,
acordo assinado por 175 países
para redução da geração de tais
gases. Deles, 36 têm metas de
corte a cumprir até 2012.
"Nossa expectativa é que o
projeto retire 3 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera",
afirmou Demóstenes Barbosa
da Silva, diretor de gestão de
meio ambiente e créditos de
carbono da AES Tietê.
Por que retirar? Porque a árvore, para crescer, usa o CO2
presente na atmosfera. Ele é a
sua "comida", que, ao ser absorvido pela planta, desenvolve
e forma seu tronco.
Cada tonelada de gás carbônico retirada da atmosfera nesse projeto vira um certificado,
que pode ser, com a decisão da
comissão da ONU, vendida a
países e empresas que tenham
metas a cumprir.
Se a previsão do gerente da
AES se confirmar, esse projeto
vai, então, gerar 3 milhões de
créditos de carbono. Hoje, esse
montante seria equivalente a
cerca de R$ 130 milhões em
Bolsas internacionais.
Para levar o projeto adiante e
replantar as espécies necessárias ao reflorestamento da área
total prevista, Barbosa calcula
que seja preciso desembolsar o
equivalente a R$ 80 milhões
hoje. Ele destaca que são plantadas na área do projeto de 80 a
126 espécies nativas distintas
-das quais é necessário coletar
a semente e desenvolver a muda antes de colocá-la no solo,
para que ela se desenvolva.
Pioneirismo
A decisão do comitê de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo da ONU não é benéfica
apenas para a AES Tietê, que
passa a poder ganhar dinheiro
com os créditos de carbono que
gera. Ela abre uma nova possibilidade para projetos equivalentes no país.
"É sem dúvida uma grande
notícia para o Brasil. Agora precisamos buscar novas matas
nativas para recuperar", disse
Marco Antonio Fujihara, especialista em créditos de carbono
da Key Associados e da Totum.
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