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Brasil pode crescer 5% sem inflação, diz FMI
Diretor afirma, porém, que turbulência nos mercados pode redundar em "alguma redução" no ritmo de expansão da AL
Para Fundo, melhor notícia da atual fase de expansão do país e da América Latina
é que ela é acompanhada de queda da pobreza
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) disse ontem que
o Brasil pode crescer mais de
5% ao ano sem inflação.
Segundo o diretor para o Hemisfério Ocidental do Fundo, o
indiano Anoop Singh, Brasil e
região podem estar entrando
em um círculo virtuoso: o crescimento e a redução da pobreza
e das desigualdades estariam
desembocando em mais crescimento. E assim por diante.
Questionado a respeito da
contestação feita pelo ministro
Guido Mantega (Fazenda) um
dia antes sobre as previsões do
FMI para o o crescimento do
Brasil (Mantega prevê 4,8% em
2007 e 5% em 2008, contra
4,4% e 4% do FMI, respectivamente), Singh não polemizou.
"Neste segundo semestre, o
Brasil está crescendo 5% em
uma base anualizada. O país
mostra que pode atingir esse
patamar de forma sustentada e
com uma tendência de diminuição dos índices de pobreza."
O indiano disse, porém, que
as recentes turbulências nos
mercados devem redundar em
"alguma redução" do ritmo de
expansão da América Latina e
do resto do mundo.
Na sexta, como reflexo de nova sacudida no mercado americano, a Bovespa caiu 3,7% e o
risco-Brasil subiu 6%. No mesmo dia, Mantega havia afirmado em Washington que o Brasil
vem mostrando que está mais
imune aos reflexos da crise.
Para o FMI, a melhor notícia
da atual fase de expansão de
Brasil e América Latina é que
ela é acompanhada de queda da
pobreza. Programas como o
Bolsa Família, no Brasil, e Jefes
e Jefas de Hogar (que paga 150
pesos/mês), na Argentina, estariam por trás da melhora.
O FMI destacou como exemplo o Nordeste do Brasil (mais
atendido em termos proporcionais pelo Bolsa Família), onde o
ritmo do comércio cresce acima do da média nacional.
"Acredito que estejamos ingressando em um círculo virtuoso em que o crescimento e
programas sociais estejam levando a uma diminuição da pobreza que acaba redundando
em mais crescimento", disse.
O economista alertou, contudo, para a necessidade de o Brasil ampliar seus níveis de investimento em infra-estrutura para atingir níveis de crescimento
maiores e sustentáveis.
Sem fazer a tradicional cobrança por reformas estruturais, Singh disse que os países
da região devem ser "soberanos" para tratar desses assuntos e que muitas vezes há "ansiedade" em relação ao tema.
A entrevista foi um divisor de
águas em relação a outros momentos em que as fragilidades
dos emergentes eram explicitadas (e cobradas) de forma mais
veemente pelo Fundo. Singh
destacou, por exemplo, que
metade do crescimento econômico mundial neste ano (na faixa de 5%) será proporcionada
pelos emergentes.
Mesmo a onda de nacionalização de empresas na Venezuela e Bolívia mereceu só uma crítica indireta. "Não somos ideológicos. Onde somos claros é
que a região precisa de investimentos. Especialmente em infra-estrutura e energia. E isso
não vem ocorrendo."
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