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Participação de
estrangeiros
vai a um quarto
OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A venda do Banespa para um
banco de origem espanhola aumentou substancialmente a participação do capital estrangeiro no
sistema financeiro nacional.
As instituições estrangeiras, que
detinham um pouco mais de um
quinto do total dos ativos, agora
passam a ter participação superior a um quarto.
Segundo cálculos do Banco
Central, os bancos de fora passaram a deter 25,6% dos ativos totais, estimados em R$ 220 bilhões.
Antes do leilão de privatização, a
participação era de 22,6%.
Os bancos europeus, cuja presença já era grande, estão dominando ainda mais o cenário com
o negócio de ontem. Praticamente três quartos dos ativos de instituições estrangeiras são de origem européia.
O BC calcula que os europeus
sejam responsáveis por 74,2% dos
ativos dos bancos estrangeiros no
Brasil. Antes da venda do Banespa
ao Santander, essa participação
era de 71,2%.
As contas do BC indicam só
uma nova ordem de grandeza.
Para chegar às porcentagens, somou-se o total dos ativos segundo
os balanços de junho (já consolidados pelo BC) aos ativos do Banespa que constam do balanço de
setembro (quase R$ 29 bilhões).
Para evitar distorções, também
foi usada a taxa de câmbio de R$
1,799 por dólar (que constava de
trabalho anterior do BC sobre
participação estrangeira).
O Santander deverá demorar de
10 a 15 anos para obter o retorno
para o dinheiro colocado ontem
no Banespa, na opinião de Gustavo Bussinger, coordenador do
grupo de Comunicação Institucional do BC.
O longo período é atribuído não
apenas ao elevado investimento e
aos custos de reestruturação do
Banespa, mas também aos efeitos
da maior concorrência bancária
prevista a partir de agora.
Para manter ou ganhar participação no mercado, os bancos nacionais e estrangeiros teriam, supostamente, que reduzir tarifas e
juros, a fim de atrair clientes.
Em ocasiões anteriores, quando
outros estrangeiros chegaram ao
Brasil, esse raciocínio também foi
feito, mas a lógica acabou não
prevalecendo. Agora, no entanto,
o argumento é reforçado pelo fim
das oportunidades de um banco
crescer comprando uma grande
instituição em leilão público.
Remessa de lucros
A participação dos europeus na
remessa dos lucros não é proporcional ao peso que eles têm no total dos ativos.
Até junho, os europeus eram
responsáveis por menos de um
quarto (23,6%) dos lucros mandados para as matrizes.
Enquanto isso, os americanos
(que só têm um quarto dos ativos
dos estrangeiros) enviaram mais
de dois terços do total (68,7%).
A razão é simples: os europeus
ainda estão digerindo aquisições
recentes. O leilão de ontem não
deverá alterar esse quadro.
Bussinger vê na decisão dos espanhóis a continuidade de uma
tendência já observada nos anos
90, quando os bancos europeus
passaram a reter a maior parcela
dos investimentos estrangeiros.
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