São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2000

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Em 3º, Santander alcança objetivo

DA REPORTAGEM LOCAL

O Santander alcançou seu objetivo. Desde que começou sua investida na América Latina, em meados da década passada, o banco espanhol falava em se tornar uma potência regional, uma das três maiores instituições financeiras em cada um dos países em que está presente.
Com a compra do Banespa, o Santander subiu da 5ª para a 3ª posição entre as maiores instituições financeiras privadas brasileiras. O banco mais do que dobrou o volume de ativos -de R$ 26 bilhões para R$ 54,6 bilhões.
Em escala latino-americana, o banco ganhou poder só comparável com seu rival espanhol, o BBVA. O Santander administra, agora, 10,4% de todo o dinheiro que os latino-americanos depositam nos bancos. É uma bolada de US$ 91,7 bilhões nos cofres do Santander.
O banco está presente em 12 países latino-americanos e atende mais de 22 milhões de clientes, em mais de 3.000 agências. Gabriel Jaramillo, presidente do banco no Brasil, quer mais.
"Normalmente, essa é uma posição de partida, como um dos grandes jogadores do Brasil. Estamos abertos a estudar outras possibilidades", disse Jaramillo. Os analistas financeiros levam o comentário a sério.
"Os bancos espanhóis têm pouco espaço para crescer na Europa. Também não podem comprar muitos bancos por lá porque já há uma grande concentração bancária e esbarram nas agências que regulam a competição. Por isso, eles são tão agressivos na América Latina", diz Bruno Zaremba, analista financeiro do banco Pactual.
Muitos analistas financeiros espanhóis consideram a aposta latino-americana muito arriscada. O próprio Banco de España (Banco Central espanhol) faz ressalvas à estratégia, uma vez que a economia latino-americana volta e meia é abalada por alguma crise. Ontem, as ações do banco caíram 6,86% em Madrid com o anúncio da compra do Banespa.
Mas, apesar das restrições, o Santander tem dobrado sua aposta e usado o poder de fogo que conquistou na América Latina como arma em suas negociações na Europa. No ano passado, o Santander se associou a outro espanhol, o Centro Hispano, e se tornou um dos maiores bancos europeus em valor de mercado.
Hoje, o banco tem músculos para exibir a eventuais parceiros europeus, como os grandes bancos holandeses, ingleses e alemães, tradicionalmente muito mais poderosos do que os espanhóis.
O Banco Santander Central Hispano (BSCH), como é conhecido na Espanha, está presente atualmente em 37 países, tem 32 milhões de clientes e 9.620 agências.
O banco é comandado por Emilio Botín, que divide a presidência com José María Amusátegui, que era presidente do Central Hispano antes da fusão. Botín ainda é o grande executivo do BSCH, mas está se preparando para passar o comando para Amusátegui.
Durante a fusão, Botín teve de aceitar a saída de sua filha, Ana, do Santander. Ana é uma das principais defensoras da estratégia de crescimento na América Latina. Embora tenha muito poder, Emilio teve de ceder porque queria a fusão e não é o dono do banco.
O BSCH é uma empresa pulverizada entre um punhado de acionistas, espanhóis e estrangeiros. Um dos principais é o grupo português Chaupalimaud, que foi dominante em Portugal até a chamada Revolução dos Cravos (1974), quando foi expropriado e se exilou no Brasil.



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