São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2000

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Se direção do sindicato não for recebida por dirigentes do banco espanhol, paralisação começará no dia 28
Bancários ameaçam Santander com greve

MAFALDA AVELAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os funcionários do Banespa já começaram a se manifestar contra a privatização.
Em assembléia geral realizada ontem após o leilão que decretou a venda do Banespa ao Santander, os banespianos aprovaram greve geral por tempo indeterminado caso não sejam recebidos pela direção do Santander.
Aprovaram ainda o atraso progressivo de 15 minutos por dia na abertura das agências. Hoje, as agências vão começar a funcionar 15 minutos mais tarde (às 10h15).
Em principio, a greve geral deve começar a partir do dia 28 deste mês (terça-feira). A confirmação sairá na quinta-feira, dia da próxima assembléia geral.
Apesar da indefinição em relação à data, o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, João Vaccari Neto, garantiu à Folha que se não forem recebidos pelo Santander entrarão em greve por tempo indeterminado.
Os funcionários do Banespa estão preocupados com a venda do banco aos espanhóis. Demissões e fechamento de agências são as principais preocupações.
Ontem, enquanto ocorria o leilão, as agências do banco estiveram fechadas. Os bancários usaram faixas escritas com "não à privatização".
Para Vaccari, a situação é preocupante, pois o Santander é uma instituição privada e estrangeira.
"Querem levar o sangue dos bancários brasileiros para a Europa, e não vamos deixar", disse.
Segundo Vaccari, a experiência passada de negociações com o Santander é "ruim".
O Santander, que no passado comprou o Noroeste e o Geral do Comércio, sempre se mostrou muito "difícil" na hora de negociar". O presidente do sindicato lembra que, na época, os bancários tiveram de fazer greve por três dias para serem ouvidos.

Brinde
"Não houve leilão. Existiu um acerto onde o Santander foi brindado com um presente chamado Banespa", disse Vaccari.
Quem também tem essa opinião é Wagner de Castro, presidente do Sindicato dos Bancários do ABC. Para Castro, as diferenças de lances "são muito estranhas" e indicam que existiu algum nível de conversação nos bastidores.
Eduardo Rondino, presidente da Associação dos Funcionários do Banespa, foi ainda mais incisivo, ao afirmar que "se esse leilão valer, então a lei não vale".


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