São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arrecadação recorde garante o cargo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Titular do cargo desde o início do primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, conquistou o apoio da equipe econômica do governo com os sucessivos recordes de arrecadação alcançados nos últimos anos.
Pernambucano de Pesqueira, Everardo também é ligado ao PFL do Estado, o que lhe rende apoio político. Tem inclusive uma relação de parentesco (embora distante) com o vice-presidente da República, Marco Maciel.
Ele gosta de polemizar para testar os argumentos de seu interlocutor. Depois que o acusaram de enterrar a reforma tributária, disse que o debate sobre o assunto havia ficado muito político e pouco técnico. Os políticos disseram que o secretário tinha medo de perder arrecadação se a reforma fosse realizada.
No mês passado, Paulo Kliass, então secretário de Previdência Complementar, acabou exonerado depois de criticar as declarações de Everardo a favor da taxação dos fundos de pensão.
Kliass saiu atirando, mas Everardo se limitou a dizer que não havia divergências no governo sobre o assunto.
Ainda este ano, Everardo também se envolveu em um debate pela imprensa com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Fraga defendia a extinção da CPMF (imposto do cheque) para as aplicações feitas nas Bolsas de Valores.
Em seguida, Everardo divulgou um estudo para mostrar como a CPMF é um bom instrumento para tributar a renda que não passa pelo mercado formal.
No ano passado, Everardo conseguiu arrecadar cerca de R$ 7 bilhões extras com duas medidas elaboradas por sua equipe.
"Milagres" como esse renderam ao secretário o acesso direto a FHC. No início da discussão sobre o aumento do salário mínimo, o presidente chegou a testar a repercussão de algumas idéias do secretário sobre o fim das deduções do Imposto de Renda da pessoa física.
As idéias não prosperaram. Na prática, porém, essas deduções vêm sendo reduzidas desde 96 porque não sofreram correção de lá para cá.


Texto Anterior: Pacote da discórdia: FHC convence Tápias a ficar no governo
Próximo Texto: Ministro tem o apoio dos empresários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.