São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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PRODUÇÃO

Investimentos no setor produtivo também estão em queda neste ano

Consumo das famílias cai em comparação com 2001

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O consumo das famílias, que representa cerca de 60% do PIB (Produto Interno Bruto), e os investimentos no setor produtivo caíram 0,74% e 6,62%, respectivamente, de janeiro a setembro deste ano, na comparação com os nove primeiros meses de 2001, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No conceito de família, o órgão abrange pequenas empresas domésticas e propriedades rurais.
Segundo Roberto Olinto, economista do IBGE, o fato de a renda do trabalhador estar em queda foi o principal responsável pela retração no consumo das famílias. Desde janeiro de 2001, o rendimento cai de modo continuado.
Sobre os investimentos, ele disse que o período de turbulência pelo qual passou o país teve reflexos negativos na compra de máquinas e equipamentos e, principalmente, na construção civil.
Com juros mais altos e câmbio instável, dizem especialistas, os empresários se retraem. Adiam, por exemplo, decisões de novos projetos de ampliação de suas fábricas, o que faz cair o nível de investimentos da economia.
Por outro lado, o consumo do governo subiu 1,16%. As exportações aumentaram 3,5% e as importações recuaram 13,99%.
Olinto considera que as exportações foram "o motor" do PIB neste ano até o terceiro trimestre. "Sem dúvida, foi o grande efeito positivo", disse.
Ele destacou ainda que as importações têm caído -o que contribuiu negativamente para o resultado-, mas já numa velocidade menor do que nos trimestres anteriores.
Em relação ao consumo do governo, ele disse que é "um aumento residual", puxado principalmente pelos gastos com saúde e educação.

PIB em valor de mercado
Soma de todos os bens e serviços produzidas no país, o PIB (Produto Interno Bruto) alcançou, em valores de mercado, R$ 957,1 bilhões até o final do terceiro trimestre deste ano. Somente no terceiro trimestre o valor do produto chegou a R$ 337,2 bilhões.
Do total acumulado no ano, R$ 852,6 bilhões são referentes efetivamente ao que foi produzido em volume e convertido para preços de mercado. O restante -outros R$ 104,5 bilhões- corresponde aos impostos que incidem sobre os produtos e serviços.
No acumulado do ano, o PIB cresceu 0,94%. Na comparação dos quatro últimos trimestres com igual período imediatamente anterior, houve um crescimento menor, de 0,52%.
Em dólares, o PIB do ano somou US$ 358,28 bilhões até setembro, de acordo com o economista Luiz Afonso Lima, do banco BBV, que considerou uma taxa média no período de R$ 2,67 por dólar. Para ele, ao final do ano, o produto deve chegar a US$ 466 bilhões -ou R$ 1,348 trilhões.
Por setores, o melhor desempenho foi registrado pela agropecuária, que cresceu 6,46% no acumulado do ano e sustentou o resultado geral.
O setor de serviços, o de maior peso, também teve um resultado positivo: 1,52%. Já o PIB industrial registrou queda de 0,22%, segundo os dados do IBGE.


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