São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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TRABALHO

Número de postos criados cresceu 0,1% em novembro; 2003 foi o pior ano da história do emprego, diz economista

Emprego industrial fica estável, diz IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O número de postos de trabalho gerados pela indústria brasileira cresceu apenas 0,1% em novembro do ano passado na comparação com outubro, já excluídos os efeitos sazonais (típicos de cada período). Em outubro, a ocupação havia caído 0,6%.
Sob efeito do recuo da inflação nos últimos meses de 2003, o rendimento do trabalhador (medido pelo total da folha real de pagamento) teve o primeiro sinal de reação. Cresceu pouco: só 0,1%. Mas foi a primeira taxa positiva desde julho de 2003, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na comparação com novembro de 2002, o emprego teve queda de 1,4%. A folha de pagamento, 0,8%. Outro indicador que aponta para uma futura recuperação do mercado de trabalho é o número de horas pagas pela indústria. Houve uma alta de 0,2% em novembro em comparação com o mês anterior.
O resultado revela que as indústrias estão produzindo mais e, para isso, são obrigadas a ampliar o tempo de trabalho dos empregados. Se a melhora continuar, o setor terá de abrir novas vagas.
"Primeiro, o empregador recorre à mão-de-obra que esta lá, preferindo pagar horas extras. Mas chega uma hora em que ele vai ter de contratar", afirmou Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ramos avalia que 2003 foi "o pior ano da história" do emprego.
Para o economista André Macedo, do IBGE, os resultados de novembro indicam que melhorou a situação do emprego na indústria, em relação aos meses anteriores, marcados por demissões e queda intensa na renda. Ele destacou o fato de os três principais indicadores da pesquisa -emprego, folha de pagamento e horas pagas- terem crescido. Disse, porém, que é cedo para falar numa recuperação firme do mercado de trabalho industrial. No acumulado de 2003, o emprego na indústria acumula queda de 0,6%. Ao analisar o rendimento, Macedo disse que a pequena alta foi ocasionada pela queda da inflação no fim de 2003, o que recompôs o poder de compra dos trabalhadores.
Segundo boletim do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o emprego ainda vai demorar a crescer: "Quando a evolução da atividade econômica é lenta, o efeito sobre o emprego é mais atrasado". O Iedi ressalta que a situação é ainda mais grave porque a recuperação industrial ainda não envolveu as categorias que mais empregam: bens semiduráveis e não-duráveis (alimentos, têxtil, vestuário e calçados, entre outros).


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