São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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Reação deve estimular mais gasto oficial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ritmo crescente da arrecadação nos últimos dois meses de 2009 poderá se traduzir em dois trunfos para o governo em 2010. Segundo especialistas, além de sinalizar a retomada da economia, dará uma boa margem para a continuidade do aumento dos gastos governamentais num ano eleitoral, sem comprometer metas orçamentárias.
Para o chefe do Centro de Crescimento Econômico da FGV (Fundação Getulio Vargas), Samuel Pessoa, a maior quantidade de receitas no caixa do governo decorrentes do crescimento da atividade produtiva pode influir na decisão da equipe econômica de interromper medidas de estímulo ao consumo.
Segundo Pessoa, a maior arrecadação será suficiente para permitir que o governo eleve os gastos públicos em uma proporção entre 6% e 8%, um ritmo maior que o da expansão econômica.
"Ou seja, a arrecadação superior vai sustentar o aumento do Bolsa Família e do salário mínimo sem pressionar as metas de superavit", acrescenta.
De acordo com o professor de ambiente econômico global do Insper/Ibmec-SP, Otto Nogami, o aumento já verificado no fluxo de tributos confirma a tese de que, à medida que os consumidores sentem uma cenário mais estável, voltam a consumir bens duráveis de maior valor.
"Ainda assim, em um ano eleitoral, o governo pode ser tentado a manter as desonerações, sobretudo para os bens mais populares, como os carros 1.0", afirma. Segundo ele, o impacto dessas medidas sobre uma parcela maior do eleitorado será considerado, uma vez que o efeito nas receitas deve ser compensado pelo aumento do consumo.
Ao mesmo tempo, diz Nogami, uma maior urgência na liberação de recursos às obras de infraestrutura vai contrabalançar os efeitos da renúncia fiscal. "O máximo de execução possível dessas obras gera renda, aumenta o consumo e estimula a produção. Só aí já estão compensadas as desonerações, e fechamos essa equação."


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