São Paulo, sexta, 22 de janeiro de 1999

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Com BC fora, preços tendem a se elevar

da Reportagem Local

A escassez de dólar no mercado (estoque declinante da moeda norte-americana nas mãos dos bancos), que pressiona para cima a taxa de câmbio, não ameaça ainda paralisar o comércio exterior, mas vai encarecer os custos das empresas que têm de fechar contratos de câmbio para o pagamento de insumos importados.
Segundo especialistas, não há falta de dólar. A questão é o preço. O que há, na verdade, é uma aposta na alta do dólar.
A redução da oferta de dólares é o resultado da combinação do regime de liberdade cambial (o Banco Central não está intervindo no mercado por meio de leilões, o que dificulta o fechamento das operações de compra e venda de dólares) com a crise de confiança na economia brasileira (o mercado espera novas altas do dólar).
Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Silex Trading, disse que, apesar da escassez, as empresas importadoras de insumos não correm o risco de ficar inadimplentes.
"A necessidade dessas empresas de comprar dólares é que está criando uma certa ebulição no mercado. Ebulição, a meu ver, totalmente desnecessária porque o Banco Central não deveria se ausentar do mercado por tanto tempo."
Segundo Giannetti da Fonseca, o BC deveria estar comprando e vendendo dólares várias vezes por dia, monitorando a taxa por meio de bandas informais.
Isso diminuiria a volatilidade do mercado, afetando menos a economia real (eventuais atrasos na importação de insumos) e a administração financeira das empresas dos setores industriais que precisam de dólares para honrar compromissos no exterior.
"O Banco Central tem de intervir, mas sem eliminar a tendência do mercado. Se eliminar a tendência, acaba o regime de câmbio livre."
Até a adoção desse regime, uma empresa que precisava comprar US$ 50 milhões, por exemplo, podia resolver a questão operando com apenas um banco. Hoje, tem de negociar pelo menos com cinco bancos, colocando uma demanda de US$ 250 milhões no mercado.



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