São Paulo, sexta, 22 de janeiro de 1999

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Impacto na inflação pode ir de 5% a 9%

TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

Se a valorização do dólar se estabilizar nos 37,19% a que chegou ontem, segundo a cotação média do Banco Central, de R$ 1,66, criará um resíduo de inflação que pode chegar a 9,26%.
A previsão é do Centro de Estudo de Preços da FGV (Fundação Getúlio Vargas), com base nos cálculos do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna).
A entidade não quis prever em que período essa inflação se refletiria nos índices. Disse apenas que o percentual refere-se ao resíduo de inflação provocado pela desvalorização do real.

Projeções
O estudo da FGV leva em conta um cenário tecnicamente ideal, em que ocorra o repasse direto ao consumidor do aumento nos preços de produtos importados -inclusive dos combustíveis.
Desconsidera a contaminação inflacionária para os demais produtos e serviços que não sejam afetados pelo aumento nos preços dos importados.
Se a valorização se estabilizar em 20%, com o dólar valendo R$ 1,45, a FGV prevê que o resíduo de inflação medida pelo IGP-DI seria de 4,98%.
Agora, pela fórmula adotada pela FGV, se a valorização do dólar se estabilizar em 30%, com o dólar valendo R$ 1,57, o impacto seria de 7,47%.

Valor exagerado
O diretor do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), Antônio Carlos Porto Gonçalves, disse acreditar que o dólar se estabilize abaixo das cotações de ontem.
"É claramente exagerada (a cotação de ontem). Isso só está acontecendo porque há falta de dólar no mercado. Como ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, não há compradores de real."
Segundo os cálculos de Porto Gonçalves, a valorização ideal do dólar seria próxima de 25%.
"Com 25%, o saldo da balança comercial passaria de um déficit de US$ 6 bilhões (nos últimos 12 meses) para um superávit de US$ 12 bilhões a US$ 15 bilhões no período de julho de 1999 a junho de 2000."



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