São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006 |
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COMBUSTÍVEIS Entidade diz que condições internacionais impedem de manter preço do álcool no nível combinado em janeiro Acordo com governo está desfeito, diz usineiro
DA REDAÇÃO DA FOLHA ONLINE Um dia após ser chamado a Brasília para dar explicações sobre os preços do álcool, o setor sucroalcooleiro avisa que o acordo com o governo está desfeito. Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), diz que não foi possível a manutenção dos preços acertados. Segundo ele, "as condições atuais de mercado não permitem mais os preços estabelecidos". Apesar do rompimento, Carvalho diz que não há atritos entre governo e usineiros. À medida que o governo determina novas medidas, elas são sempre motivos de conversas, disse. O setor sabe, no entanto, que essas discussões são sempre desgastantes. "Ninguém sai disso ileso. Vamos consertar depois", avalia Carvalho. Analisando as medidas tomadas pelo governo e as que devem ser adotadas, Carvalho diz que a mais prejudicial, se vier a ser adotada, é a taxação das exportações. No caso da redução da mistura de 25% de álcool à gasolina para 20%, já adotada, a medida tem lógica, na avaliação da Unica. Os efeitos, porém, só vêm a longo prazo, porque o consumo é reduzido em 1,2 bilhão de litros ao ano. Os produtores temem, porém, que a vigência da medida durante a safra derrube os preços. No caso da tarifa de importação, que é de 20%, Carvalho diz que a retirada é uma boa solução porque o produto nacional tem competitividade e não precisa da taxa. Postos Representantes dos postos de combustível apóiam a redução do percentual de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%. Segundo o presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), Gil Siuffo, a redução é a melhor solução para evitar o desabastecimento de álcool e controlar o preço. Para a Fecombustíveis, a alta do preço do álcool se deve à entressafra, ao aumento da demanda com a entrada dos carros bicombustíveis e à intensificação da fiscalização pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). "Se o governo quiser realmente resolver o problema, o simples ato de reduzir a mistura de 25% para 20% equilibrará a demanda e os preços do álcool começarão a cair no mercado. Caso contrário, vamos continuar com os preços pressionados e, como sempre, atribuindo a culpa aos postos -o último elo da cadeia entre o produtor e o consumidor." De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro/SP), é o proprietário de carro a gasolina que vai pagar a conta do acordo inócuo entre o governo e os usineiros. "Você coloca um produto que é mais caro na cesta, com certeza o preço vai subir", afirmou o presidente do Sincopetro/SP, José Alberto Paiva Gouveia, sobre a redução do álcool anidro na mistura da gasolina. Segundo Gouveia, a medida vai "punir o proprietário do carro com gasolina, para pagar uma conta que deveria ser paga pelo usineiro". Em nota, o Sincopetro critica o descumprimento do acordo entre governo e usineiros: "Agora o governo, fingindo dar uma solução para o mercado, saiu com essa idéia de baixar o percentual de álcool na composição da gasolina. A medida, dizem, vai reduzir de 500 milhões de litros por mês para 100 milhões a demanda de álcool no mercado interno. E isso resolve alguma coisa? Se a demanda por gasolina subir nessa mesma quantidade, o preço desse produto vai para as alturas. Talvez aumentar a gasolina seja uma forma de subsidiar os usineiros. Seria essa a idéia?", diz a nota. Colaborou a Sucursal do Rio Texto Anterior: Análise: Abastecimento preocupa mais que preço Próximo Texto: Petrobrás diz que lucrará com redução de álcool na gasolina Índice |
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