São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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COMBUSTÍVEIS

Entidade diz que condições internacionais impedem de manter preço do álcool no nível combinado em janeiro

Acordo com governo está desfeito, diz usineiro

Edson Silva - 10.jan.2006/Folha Imagem
Frentista segura bomba de álcool em posto de Ribeirão Preto (SP); Unica diz que acordo está desfeito


DA REDAÇÃO
DA FOLHA ONLINE


Um dia após ser chamado a Brasília para dar explicações sobre os preços do álcool, o setor sucroalcooleiro avisa que o acordo com o governo está desfeito.
Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), diz que não foi possível a manutenção dos preços acertados. Segundo ele, "as condições atuais de mercado não permitem mais os preços estabelecidos".
Apesar do rompimento, Carvalho diz que não há atritos entre governo e usineiros. À medida que o governo determina novas medidas, elas são sempre motivos de conversas, disse. O setor sabe, no entanto, que essas discussões são sempre desgastantes. "Ninguém sai disso ileso. Vamos consertar depois", avalia Carvalho.
Analisando as medidas tomadas pelo governo e as que devem ser adotadas, Carvalho diz que a mais prejudicial, se vier a ser adotada, é a taxação das exportações.
No caso da redução da mistura de 25% de álcool à gasolina para 20%, já adotada, a medida tem lógica, na avaliação da Unica. Os efeitos, porém, só vêm a longo prazo, porque o consumo é reduzido em 1,2 bilhão de litros ao ano. Os produtores temem, porém, que a vigência da medida durante a safra derrube os preços.
No caso da tarifa de importação, que é de 20%, Carvalho diz que a retirada é uma boa solução porque o produto nacional tem competitividade e não precisa da taxa.

Postos
Representantes dos postos de combustível apóiam a redução do percentual de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%.
Segundo o presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), Gil Siuffo, a redução é a melhor solução para evitar o desabastecimento de álcool e controlar o preço.
Para a Fecombustíveis, a alta do preço do álcool se deve à entressafra, ao aumento da demanda com a entrada dos carros bicombustíveis e à intensificação da fiscalização pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
"Se o governo quiser realmente resolver o problema, o simples ato de reduzir a mistura de 25% para 20% equilibrará a demanda e os preços do álcool começarão a cair no mercado. Caso contrário, vamos continuar com os preços pressionados e, como sempre, atribuindo a culpa aos postos -o último elo da cadeia entre o produtor e o consumidor."
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro/SP), é o proprietário de carro a gasolina que vai pagar a conta do acordo inócuo entre o governo e os usineiros.
"Você coloca um produto que é mais caro na cesta, com certeza o preço vai subir", afirmou o presidente do Sincopetro/SP, José Alberto Paiva Gouveia, sobre a redução do álcool anidro na mistura da gasolina.
Segundo Gouveia, a medida vai "punir o proprietário do carro com gasolina, para pagar uma conta que deveria ser paga pelo usineiro". Em nota, o Sincopetro critica o descumprimento do acordo entre governo e usineiros:
"Agora o governo, fingindo dar uma solução para o mercado, saiu com essa idéia de baixar o percentual de álcool na composição da gasolina. A medida, dizem, vai reduzir de 500 milhões de litros por mês para 100 milhões a demanda de álcool no mercado interno. E isso resolve alguma coisa? Se a demanda por gasolina subir nessa mesma quantidade, o preço desse produto vai para as alturas. Talvez aumentar a gasolina seja uma forma de subsidiar os usineiros. Seria essa a idéia?", diz a nota.

Colaborou a Sucursal do Rio

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