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CRISE NO AR
Cai liminar que suspendia pagamento desde setembro; débito com a estatal somava R$ 115,6 milhões até o dia 14
Varig terá de recolher tarifas à Infraero
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com sérios problemas de caixa,
a Varig terá que lidar com outra
dívida no curto prazo: a Justiça
derrubou a liminar que suspendia, desde o início de setembro de
2005, o pagamento pela companhia e pela TAM de tarifas aeroportuárias à Infraero -até o último dia 14 deste mês, o débito da
companhia aérea com a estatal
somava R$ 115, 6 milhões.
Além dessa decisão, à qual cabe
recurso, o desembargador Alberto Nogueira, do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 2ª região,
também negou ontem os pedidos
das companhias de compensação
tarifária por tarifas pagas por ambas à estatal no passado.
Com a liminar derrubada, a Varig e a TAM terão que pagar suas
dívidas acumuladas e a Infraero
poderá voltar a cobrar de ambas o
pagamento diário dessas chamadas tarifas de operação (pouso,
permanência no aeroporto e navegação). No caso da TAM, que
havia provisionado em balanço o
débito, a dívida soma R$ 90,1 milhões até o dia 14 -a companhia
aérea já informou à estatal que
realizará o pagamento.
No caso da Varig, entretanto, a
situação é outra. A companhia
não conseguiu até agora depositar
nem a parcela deste mês devida ao
fundo de pensão Aerus, desrespeitando o que havia sido acordado no seu plano de recuperação
judicial. Havia prometido o pagamento para anteontem, mas isso
não ocorreu, segundo o presidente do fundo, Odilon Junqueira.
A empresa também não pagou
integralmente a pelo menos três
arrendadores de aviões parcelas
que venciam neste mês. Como o
período atual é de baixa temporada, a situação de caixa da Varig está ainda mais difícil.
Segundo a assessoria de imprensa da Varig, o departamento
jurídico da companhia aérea estudará qual atitude tomar assim que
for notificado da decisão que suspende o não-pagamento das tarifas. A empresa pode se pronunciar hoje sobre o caso. A sentença
do TRF da 2ª Região, à qual cabe
recurso no próprio tribunal ou
em instâncias superiores, será publicada nesta semana.
A Infraero não pretende parcelar a dívida com a Varig. Em caso
de não-pagamento, o caso será levado ao conselho de administração da estatal, presidido pelo vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar. Segundo uma fonte da estatal ouvida pela reportagem, "medidas
duras" poderão ser adotadas se a
Varig não pagar sua dívida.
Pressão
O julgamento do caso foi marcado depois que houve pressão da
Infraero e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) para que o processo fosse
acelerado -Varig e TAM não
realizavam o pagamento, por decisão judicial, desde 1º de setembro do ano passado.
A Infraero repassa metade dessas tarifas aeroportuárias ao Decea -única fonte de receita do
órgão. Chegou a se falar da eventual necessidade de suspender alguns vôos por causa do não-pagamento das tarifas. Em reunião
realizada na semana passada na
Infraero, o próprio Alencar havia
se comprometido a enviar uma
carta ao TRF para pedir celeridade no processo. O julgamento foi
então marcado para 5 de abril e
depois antecipado para ontem.
Hoje, acontece uma reunião na
Varig para apresentar aos credores os candidatos a gestor do FIP
(Fundo de Investimento e Participação) que controlará a companhia aérea, como previsto no plano de recuperação judicial.
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