São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Mudanças derrubam as taxas de investimento

Pelo método antigo, era de 19,9%; pelo novo, só 16,3%

DA SUCURSAL DO RIO

A nova metodologia de cálculo do crescimento da economia mostrou que a taxa de investimento do país caiu. Em 2005, ela ficou em 16,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Com a metodologia antiga, a proporção dos investimentos em relação ao PIB era de 19,9%.
É praticamente consenso no mercado que o país precisa de uma taxa de investimento da ordem de 25% do PIB para crescer ao ritmo prometido pelo governo, de 5% ao ano. Com a revisão, o patamar de crescimento sustentável ficou ainda mais distante da economia brasileira.
"Ficamos com uma taxa de investimento mais condizente com a taxa de crescimento relativamente baixa que o país tem apresentado. Isso mostra que, se a economia cresceu um pouco mais do que se previa e o investimento não foi tão elevado, a produtividade exerceu um papel bem maior do que o percebido anteriormente", afirmou Estêvão Kopschitz, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Para Kopschitz, os novos dados mostram que o país pode alcançar esse patamar de expansão, mesmo com um crescimento inferior a 25%.
Segundo o IBGE, dois fatores explicam a diferença do investimento em relação às taxas anteriores. Com o crescimento maior da economia, a fatia do investimento perdeu parte da sua representatividade. A principal surpresa foi a revisão para baixo dos valores da construção civil.
"O valor da construção estava superestimado", afirmou Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE. Com a mudança de metodologia, o instituto passou a incorporar mais dados sobre o setor, com a Pesquisa Anual da Indústria da Construção.
Para o IBGE, apesar da piora quantitativa, houve melhora em termos de qualidade. Em 2005, o setor de máquinas e equipamentos superou pela primeira vez a construção civil em termos de participação no investimento. Esse setor representou, de acordo com a nova metodologia, 48,3% do total.
Para Sandra Utsumi, economista do BES Investimentos, os dados mostram a perda de relevância de um setor tradicional da economia. "O setor da construção civil viveu um momento complicado na última década, que não vinha sendo retratado nas medidas do PIB."
Para o economista Edward Amadeo, os dados revelam que o "país investe muito pouco" se comparados às taxas dos países asiáticos -acima de 30% do PIB. Ele disse, porém, que a "boa notícia" foi que o investimento no país "é mais eficiente do que se imaginava", pois antes era preciso de uma taxa de 20% para uma expansão de 3,5% a 4% da economia.


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