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Mudanças derrubam as taxas de investimento
Pelo método antigo, era de 19,9%; pelo novo, só 16,3%
DA SUCURSAL DO RIO
A nova metodologia de cálculo do crescimento da economia
mostrou que a taxa de investimento do país caiu. Em 2005,
ela ficou em 16,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Com a
metodologia antiga, a proporção dos investimentos em relação ao PIB era de 19,9%.
É praticamente consenso no
mercado que o país precisa de
uma taxa de investimento da
ordem de 25% do PIB para
crescer ao ritmo prometido pelo governo, de 5% ao ano. Com a
revisão, o patamar de crescimento sustentável ficou ainda
mais distante da economia brasileira.
"Ficamos com uma taxa de
investimento mais condizente
com a taxa de crescimento relativamente baixa que o país tem
apresentado. Isso mostra que,
se a economia cresceu um pouco mais do que se previa e o investimento não foi tão elevado,
a produtividade exerceu um
papel bem maior do que o percebido anteriormente", afirmou Estêvão Kopschitz, economista do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada).
Para Kopschitz, os novos dados mostram que o país pode
alcançar esse patamar de expansão, mesmo com um crescimento inferior a 25%.
Segundo o IBGE, dois fatores
explicam a diferença do investimento em relação às taxas anteriores. Com o crescimento
maior da economia, a fatia do
investimento perdeu parte da
sua representatividade. A principal surpresa foi a revisão para
baixo dos valores da construção
civil.
"O valor da construção estava superestimado", afirmou
Roberto Olinto, coordenador
de Contas Nacionais do IBGE.
Com a mudança de metodologia, o instituto passou a incorporar mais dados sobre o setor,
com a Pesquisa Anual da Indústria da Construção.
Para o IBGE, apesar da piora
quantitativa, houve melhora
em termos de qualidade. Em
2005, o setor de máquinas e
equipamentos superou pela
primeira vez a construção civil
em termos de participação no
investimento. Esse setor representou, de acordo com a nova
metodologia, 48,3% do total.
Para Sandra Utsumi, economista do BES Investimentos,
os dados mostram a perda de
relevância de um setor tradicional da economia. "O setor da
construção civil viveu um momento complicado na última
década, que não vinha sendo
retratado nas medidas do PIB."
Para o economista Edward
Amadeo, os dados revelam que
o "país investe muito pouco" se
comparados às taxas dos países
asiáticos -acima de 30% do
PIB. Ele disse, porém, que a
"boa notícia" foi que o investimento no país "é mais eficiente
do que se imaginava", pois antes era preciso de uma taxa de
20% para uma expansão de
3,5% a 4% da economia.
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