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FOLHAINVEST
Banco "refinancia" dívida de concorrente
Para expandir carteira de crédito, bancos oferecem condições supostamente mais favoráveis a clientes de outras instituições
Prática já disseminada
nos Estados Unidos começa
agora a ganhar corpo no
mercado de crédito de
setores como o de veículos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos maiores pesadelos
dos bancos brasileiros em matéria de concorrência começa a
tomar corpo no mercado de
crédito nacional. Trata-se do
"refinanciamento" de dívida,
em que um banco, em tese, seduz o cliente de outra instituição, oferecendo condições supostamente melhores para migrar um empréstimo em curso.
O modelo, que ainda engatinha no Brasil, já funciona razoavelmente bem no segmento
de veículos, em que financeiras
emprestam dinheiro ao cliente
para quitar a dívida no banco
concorrente, com a transferência de alienação do carro de
uma instituição para outra.
Também está disponível para financiamentos imobiliários, embora com carteiras ainda pouco representativas.
Diferentemente da ferocidade com que ocorre nos EUA,
onde os bancos batem na porta
do cliente para oferecer taxas e
condições melhores de hipoteca, as instituições no Brasil dizem que são "passivas" nessa
abordagem comercial.
Por esse motivo, a concorrência não é um elemento-chave na mudança de banco e não
resulta em ganhos significativos para o consumidor.
No caso, essas instituições
aceitam o cliente descontente
com seu banco original ou
aquele que passa por dificuldades financeiras e precisa levantar dinheiro mesmo com a casa
ou veículo alienado.
O pioneiro na modalidade é o
Banco Panamericano, que opera a linha AutoPan de refinanciamento de veículos ainda
alienados. Por ele, o cliente
consegue levantar dinheiro,
dando o carro como garantia,
mas estendendo o prazo de financiamento. Como o risco da
operação é maior, as taxas podem ser mais altas do que o financiamento original.
No crédito imobiliário, a financeira BM Sua Casa do grupo Brazilian Mortgages foi a
primeira no país a oferecer, em
maio de 2007, o refinanciamento, inclusive para imóveis
alienados em outra instituição.
As taxas são de cerca de 1% ao
mês, e os prazos chegam a até
30 anos, compatíveis com os financiamentos habitacionais
com taxa de 12% mais TR.
Segundo Vitor Bidetti, diretor da BM Sua Casa, o cliente típico do refinanciamento de
imóvel é aquele que tem um financiamento, precisa levantar
um novo empréstimo, mas não
tem receptividade do banco.
"Ele vem aqui e sai com dois
cheques: um para ele e outro
para quitar a dívida no banco. É
o famoso troca com troco. Nosso cliente é aquela pessoa que
procura ajustar seu endividamento. Mas também tem o
cliente que não quer se descapitalizar, mas pretende custear
um filho estudando no exterior
ou fazer um "upgrade" e trocar o
imóvel por outro maior", disse.
O Santander também atua no
refinanciamento, mas só com o
produto de hipoteca, em que o
cliente entrega o imóvel como
garantia de um empréstimo de
uso livre. O banco não aceita
como garantia imóveis que não
tenham sido quitados. As taxas
vão de 1,55% a 1,6% ao mês.
O Citibank também entrou
no segmento, mas como parceiro do BM Sua Casa na rede de
agências e nas lojas Credicard.
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