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BC segura juro, mas taxa de aplicação sobe
Especialistas recomendam que investidor direcione novas aplicações para produtos com juros pós-fixados, como fundos DI
Avaliação é que não é hora de mudar de lugar os investimentos mais antigos, já que eventual alta da Selic não será muito significativa
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central manteve os
juros básicos brasileiros em
8,75% na semana passada, mas
as aplicações que seguem as taxas pagas pela dívida pública
continuam pressionadas, refletindo o cenário de aumento de
juros que, mais cedo ou mais
tarde, deve se confirmar. A expectativa é que a elevação na
Selic ocorra em abril.
Nesse cenário, a recomendação dos especialistas em finanças pessoais é que o investidor
prefira direcionar as novas economias para aplicações em produtos pós-fixados, que acompanham os eventuais aumentos nas taxas, como os fundos
de investimento DI, os CDBs
pós-fixados e as LFTs (Letras
Financeiras do Tesouro) vendidas no Tesouro Direto.
Segundo especialistas, ainda
não é hora de mudar os investimentos mais antigos de lugar,
iniciativa que só vai compensar
com aumentos maiores nos juros e dependendo da alíquota
de Imposto de Renda a que o
aplicador se enquadrar -22,5%
para prazo inferior a seis meses
até 15% para mais de dois anos.
Até a poupança, que é isenta
de imposto e não tem taxa de
administração, mostra-se como boa opção de aplicação conservadora no cenário de aumento de juros. Isso porque a
remuneração da caderneta começa a levantar do piso de 0,5%
ao mês com a possível recuperação da TR, que estava zerada
desde meados do ano passado.
Por outro lado, investimentos prefixados como os fundos
de renda fixa, os CDBs pré e as
LTN (Letras do Tesouro Nacional) do Tesouro Direto costumam render menos quando o
Banco Central sobe os juros,
podendo até ter retorno negativo. Mesmo sem aumentar os
juros, só essa expectativa já fez
"estrago" no rendimento das
aplicações prefixadas.
"Procuraria evitar os prefixados, que se tornam sempre
mais arriscados nesse ambiente de aumento de juros, quando
não se sabe ainda a intensidade
dessa elevação. Procuraria
sempre os investimentos pós-fixados", disse Mauro Halfeld,
consultor de investimentos
pessoais e professor da UFSC.
"Os fundos DI continuam a
opção mais segura, com juro
real em torno de 4% a 5%, principalmente devido à perspectiva de aumento da Selic pelo BC
ao longo de 2010", disse Fabio
Colombo, administrador de investimentos pessoais.
Segundo Eduardo Jurcevic,
superintendente de investimentos do Santander, vários
clientes têm procurado o banco
para pedir orientação sobre o
impacto do aumento de juros
nos seus investimentos.
"Dizemos que esse aumento
dos juros que está por vir não é
um prêmio suficiente que justifique tirar recursos de ações e
de CDB para migrar para investimento em pós-fixado. Por
mais que a gente fale em aumento de juro, é uma elevação
de 0,25 ponto ou de 0,5 ponto;
não vale a pena", disse.
Taxa de administração
Na avaliação de Mauro Halfeld, mais do que a variação dos
juros que virá o investidor deve
prestar atenção nas taxas de
administração, que tem potencial maior de estrago no rendimento do cliente. No caso, taxas de administração acima de
2% costumam colocar o retorno líquido dos fundos de investimento DI e de renda fixa abaixo do ganho da poupança. "Como os juros estão historicamente muito baixos, a taxa de
administração vigente no mercado é extremamente elevada e
acaba consumindo a maior parte dos ganhos. Tem de negociar
muito com o gerente e tentar
arrancar dele uma taxa melhor.
Para quem tem menos de R$ 30
mil, a poupança é imbatível",
disse.
(TONI SCIARRETTA)
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