São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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BC segura juro, mas taxa de aplicação sobe

Especialistas recomendam que investidor direcione novas aplicações para produtos com juros pós-fixados, como fundos DI

Avaliação é que não é hora de mudar de lugar os investimentos mais antigos, já que eventual alta da Selic não será muito significativa

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central manteve os juros básicos brasileiros em 8,75% na semana passada, mas as aplicações que seguem as taxas pagas pela dívida pública continuam pressionadas, refletindo o cenário de aumento de juros que, mais cedo ou mais tarde, deve se confirmar. A expectativa é que a elevação na Selic ocorra em abril.
Nesse cenário, a recomendação dos especialistas em finanças pessoais é que o investidor prefira direcionar as novas economias para aplicações em produtos pós-fixados, que acompanham os eventuais aumentos nas taxas, como os fundos de investimento DI, os CDBs pós-fixados e as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) vendidas no Tesouro Direto.
Segundo especialistas, ainda não é hora de mudar os investimentos mais antigos de lugar, iniciativa que só vai compensar com aumentos maiores nos juros e dependendo da alíquota de Imposto de Renda a que o aplicador se enquadrar -22,5% para prazo inferior a seis meses até 15% para mais de dois anos.
Até a poupança, que é isenta de imposto e não tem taxa de administração, mostra-se como boa opção de aplicação conservadora no cenário de aumento de juros. Isso porque a remuneração da caderneta começa a levantar do piso de 0,5% ao mês com a possível recuperação da TR, que estava zerada desde meados do ano passado.
Por outro lado, investimentos prefixados como os fundos de renda fixa, os CDBs pré e as LTN (Letras do Tesouro Nacional) do Tesouro Direto costumam render menos quando o Banco Central sobe os juros, podendo até ter retorno negativo. Mesmo sem aumentar os juros, só essa expectativa já fez "estrago" no rendimento das aplicações prefixadas.
"Procuraria evitar os prefixados, que se tornam sempre mais arriscados nesse ambiente de aumento de juros, quando não se sabe ainda a intensidade dessa elevação. Procuraria sempre os investimentos pós-fixados", disse Mauro Halfeld, consultor de investimentos pessoais e professor da UFSC.
"Os fundos DI continuam a opção mais segura, com juro real em torno de 4% a 5%, principalmente devido à perspectiva de aumento da Selic pelo BC ao longo de 2010", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos pessoais.
Segundo Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do Santander, vários clientes têm procurado o banco para pedir orientação sobre o impacto do aumento de juros nos seus investimentos.
"Dizemos que esse aumento dos juros que está por vir não é um prêmio suficiente que justifique tirar recursos de ações e de CDB para migrar para investimento em pós-fixado. Por mais que a gente fale em aumento de juro, é uma elevação de 0,25 ponto ou de 0,5 ponto; não vale a pena", disse.

Taxa de administração
Na avaliação de Mauro Halfeld, mais do que a variação dos juros que virá o investidor deve prestar atenção nas taxas de administração, que tem potencial maior de estrago no rendimento do cliente. No caso, taxas de administração acima de 2% costumam colocar o retorno líquido dos fundos de investimento DI e de renda fixa abaixo do ganho da poupança. "Como os juros estão historicamente muito baixos, a taxa de administração vigente no mercado é extremamente elevada e acaba consumindo a maior parte dos ganhos. Tem de negociar muito com o gerente e tentar arrancar dele uma taxa melhor. Para quem tem menos de R$ 30 mil, a poupança é imbatível", disse. (TONI SCIARRETTA)


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