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análise
Programa ainda nem chegou ao papel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Seria impróprio afirmar
que o PAC, lançado há exatos três meses, ainda não
saiu do papel. A rigor, o
programa ainda não chegou ao papel.
Falta o principal: não se
conhece a lista das obras
prioritárias que receberão
neste ano verbas adicionais de R$ 6,7 bilhões, livres de bloqueios de gastos e descontadas das metas de superávit fiscal.
Esses projetos compõem a essência do pacote
apresentado pelo presidente Lula como o eixo de
seu segundo mandato -o
propósito de reduzir o
aperto nas contas públicas
para elevar os investimentos em infra-estrutura.
Se os efeitos econômicos da estratégia são vistos
com ceticismo no mercado, o impacto político é garantido. Prefeitos, governadores e parlamentares
se mobilizam e negociam
os destinos das verbas.
O restante do PAC é
uma compilação de propostas para todos os gostos: alguns projetos de lei
parados há anos no Congresso, a correção da tabela do Imposto de Renda, a
liquidação da Rede Ferroviária Federal, um modesto incentivo tributário para o setor privado, a promessa de ressuscitar a reforma tributária.
Dessa parcela legislativa, só está em pleno vigor a
medida provisória que fixou a nova tabela do IR
-uma idéia que a equipe
econômica rejeitou no ano
passado, foi imposta pelas
centrais sindicais e acabou
usada para engordar a lista
de iniciativas do PAC.
O projeto mais elogiado
por investidores tem
chances remotas de avançar no Congresso, ao menos com a redação atual: o
texto limita o aumento dos
gastos com pessoal nos
três Poderes a 1,5% por
ano acima da inflação.
Nenhuma das dificuldades chega a preocupar os
investidores. O PAC, afinal, não alterou em um
centésimo as expectativas
de crescimento para este
ano. As projeções só subiram de 3,5% para 4% com
o novo cálculo do PIB.
Como resumiu o ministro Silas Rondeau (Minas e
Energia), em recente exposição no Congresso, "o
PAC não é um número, é
muito mais uma questão
de atitude".
(GP)
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