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Dólar volta a R$ 3, e risco cai 4% com decisão
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A manutenção da taxa básica de
juros em 26,5% ao ano, determinada ontem pelo Copom (Comitê
de Política Monetária do Banco
Central), foi interpretada pelos investidores como uma demonstração de força do BC. Com isso, os
indicadores do mercado financeiro voltaram a subir, após dois dias
de pessimismo predominante.
O dólar caiu 1,22% e fechou cotado a R$ 3,003. O Ibovespa subiu
2,26%. No exterior, os títulos brasileiros voltaram a se valorizar e o
risco-país caiu 3,95%, para os 827
pontos.
Octavio de Barros, economista-chefe do banco BBV, afirma que
as pressões para a queda dos juros, vindas inclusive de integrantes do governo, geraram tensões
no mercado devido à possibilidade de que a autoridade monetária
pudesse ceder às vontades políticas em vez de tomar uma decisão
técnica.
"O Banco Central robustece a
sua credibilidade enormemente
com essa decisão no contexto em
que ela se deu", disse Barros.
Para João Rabêllo, diretor-superintendente do Banco Fibra, a decisão de não baixar os juros agrada principalmente aos bancos de
investimento. "A leitura dos bancos que concedem crédito é diferente, pois, com a atual taxa, o crédito fica difícil e caro."
Rabêllo também afirma que o
Banco Central optou por reforçar
sua autonomia e demonstrou
com a decisão que o controle inflacionário é mais importante que
o crescimento momentâneo proveniente de uma queda nos juros
neste momento.
Volatilidade
Os investidores acreditam que o
fluxo de recursos e as discussões
políticas a respeito das reformas
deverão vão ser os principais fatores que influenciarão o dólar nos
próximos dias. De acordo com
eles, a queda de ontem não reflete
uma tendência, e a cotação da
moeda deverá continuar a apresentar volatilidade.
Um dos fatores previstos que
deverão afetar o dólar é o vencimento das captações no próximo
mês. Como uma parte das operações feitas pelas empresas e bancos em janeiro deste ano foi com o
prazo de seis meses -ou seja,
vencem em junho-, esses vencimentos deverão ser renegociados
ou pagos.
Segundo analistas, a atual conjuntura do mercado, mesmo com
a alta do risco-país na última semana, ainda é favorável à renovação. Entretanto, como a situação
ainda não está totalmente normalizada, eles ressaltam que poderá
haver operações "descasadas", ou
seja, que a renovação não será automática. Dessa forma, em dias de
menor liquidez, a eventual saída
de recursos poderá gerar pressões
de alta na cotação do dólar.
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