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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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Dólar volta a R$ 3, e risco cai 4% com decisão

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção da taxa básica de juros em 26,5% ao ano, determinada ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), foi interpretada pelos investidores como uma demonstração de força do BC. Com isso, os indicadores do mercado financeiro voltaram a subir, após dois dias de pessimismo predominante.
O dólar caiu 1,22% e fechou cotado a R$ 3,003. O Ibovespa subiu 2,26%. No exterior, os títulos brasileiros voltaram a se valorizar e o risco-país caiu 3,95%, para os 827 pontos.
Octavio de Barros, economista-chefe do banco BBV, afirma que as pressões para a queda dos juros, vindas inclusive de integrantes do governo, geraram tensões no mercado devido à possibilidade de que a autoridade monetária pudesse ceder às vontades políticas em vez de tomar uma decisão técnica.
"O Banco Central robustece a sua credibilidade enormemente com essa decisão no contexto em que ela se deu", disse Barros.
Para João Rabêllo, diretor-superintendente do Banco Fibra, a decisão de não baixar os juros agrada principalmente aos bancos de investimento. "A leitura dos bancos que concedem crédito é diferente, pois, com a atual taxa, o crédito fica difícil e caro."
Rabêllo também afirma que o Banco Central optou por reforçar sua autonomia e demonstrou com a decisão que o controle inflacionário é mais importante que o crescimento momentâneo proveniente de uma queda nos juros neste momento.

Volatilidade
Os investidores acreditam que o fluxo de recursos e as discussões políticas a respeito das reformas deverão vão ser os principais fatores que influenciarão o dólar nos próximos dias. De acordo com eles, a queda de ontem não reflete uma tendência, e a cotação da moeda deverá continuar a apresentar volatilidade.
Um dos fatores previstos que deverão afetar o dólar é o vencimento das captações no próximo mês. Como uma parte das operações feitas pelas empresas e bancos em janeiro deste ano foi com o prazo de seis meses -ou seja, vencem em junho-, esses vencimentos deverão ser renegociados ou pagos.
Segundo analistas, a atual conjuntura do mercado, mesmo com a alta do risco-país na última semana, ainda é favorável à renovação. Entretanto, como a situação ainda não está totalmente normalizada, eles ressaltam que poderá haver operações "descasadas", ou seja, que a renovação não será automática. Dessa forma, em dias de menor liquidez, a eventual saída de recursos poderá gerar pressões de alta na cotação do dólar.


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