|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Decisão do BC decepciona empresário
"Se soubesse, teria pedido aspirina a Lula e Palocci", diz Antônio Ermírio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enfático na defesa da queda das
taxas de juros, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, disse
ontem que precisaria de aspirina
e que estava "decepcionado", ao
saber que o Copom manteve o índice em 26,5% ao ano sem indicar
tendência (viés) de queda antes
da próxima reunião.
"Se soubesse disso antes, teria
pedido pelo menos uma caixa de
aspirina a eles", afirmou Ermírio
de Moraes, se referindo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
ao ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, com quem esteve
reunido por três horas e meia.
Participaram da reunião, no Palácio do Planalto, dez empresários, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o vice-presidente da República, José Alencar (PL-MG), que também critica a política de juros altos.
O encontro -para tratar de
parcerias do governo com a iniciativa privada- terminou por
volta das 13h30, pouco depois da
divulgação da decisão do Copom
(Comitê de Política Monetária).
Antes da reunião, Ermírio de
Moraes havia dito que o empresariado não quer "esmola", em referência à proposta do governo de
oferecer parcerias com o setor
produtivo.
"Na cesta básica de decisões do
governo tem de ter redução de juros. Isso é que gera empregos.
Não queremos esmola, queremos
a retomada do crescimento", disse Ermírio de Moraes ao chegar
ao Planalto, pela manhã.
Após o encontro, ele disse que a
decisão do Copom deixaria muitos empresários, inclusive os que
estavam no Planalto, "decepcionados".
"O Brasil precisa voltar a crescer
e com essa taxa não volta. Parece
essencial que haja bom senso.
Não é querer que baixe um, dois,
três ou quatro pontos. Mas que tenha pelo menos o viés [de baixa].
Mantendo as taxas elevadas, tem
muita gente que vai sair decepcionada."
O empresário chegou a cobrar
boa vontade do governo, ao dizer
que é uma necessidade a redução
dos juros básicos para que a economia volte a crescer.
"Os senhores [dirigindo-se aos
jornalistas] não acham que, se
houvesse um pouco de boa vontade, as taxas não deviam ter baixado? Estou falando como empresário. Precisa dar um pouquinho de
incentivo para que [o empresariado] comece a fazer novos planos
de expansão", disse.
Para o empresário, além de os
juros altos decepcionarem o setor
produtivo, propiciam o capital especulativo, chamado por ele de
"bicicleta" -entra, sai e não deixa benefícios.
(LUCIANA CONSTANTINO, FÁBIO ZANINI e ANDRÉ SOLIANI)
Texto Anterior: Taxa alta traz recessão e demissões Próximo Texto: Juros já comprometem 2004, diz indústria Índice
|