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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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Decisão do BC decepciona empresário

"Se soubesse, teria pedido aspirina a Lula e Palocci", diz Antônio Ermírio


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enfático na defesa da queda das taxas de juros, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantim, disse ontem que precisaria de aspirina e que estava "decepcionado", ao saber que o Copom manteve o índice em 26,5% ao ano sem indicar tendência (viés) de queda antes da próxima reunião.
"Se soubesse disso antes, teria pedido pelo menos uma caixa de aspirina a eles", afirmou Ermírio de Moraes, se referindo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, com quem esteve reunido por três horas e meia.
Participaram da reunião, no Palácio do Planalto, dez empresários, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o vice-presidente da República, José Alencar (PL-MG), que também critica a política de juros altos.
O encontro -para tratar de parcerias do governo com a iniciativa privada- terminou por volta das 13h30, pouco depois da divulgação da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária).
Antes da reunião, Ermírio de Moraes havia dito que o empresariado não quer "esmola", em referência à proposta do governo de oferecer parcerias com o setor produtivo.
"Na cesta básica de decisões do governo tem de ter redução de juros. Isso é que gera empregos. Não queremos esmola, queremos a retomada do crescimento", disse Ermírio de Moraes ao chegar ao Planalto, pela manhã.
Após o encontro, ele disse que a decisão do Copom deixaria muitos empresários, inclusive os que estavam no Planalto, "decepcionados".
"O Brasil precisa voltar a crescer e com essa taxa não volta. Parece essencial que haja bom senso. Não é querer que baixe um, dois, três ou quatro pontos. Mas que tenha pelo menos o viés [de baixa]. Mantendo as taxas elevadas, tem muita gente que vai sair decepcionada."
O empresário chegou a cobrar boa vontade do governo, ao dizer que é uma necessidade a redução dos juros básicos para que a economia volte a crescer.
"Os senhores [dirigindo-se aos jornalistas] não acham que, se houvesse um pouco de boa vontade, as taxas não deviam ter baixado? Estou falando como empresário. Precisa dar um pouquinho de incentivo para que [o empresariado] comece a fazer novos planos de expansão", disse.
Para o empresário, além de os juros altos decepcionarem o setor produtivo, propiciam o capital especulativo, chamado por ele de "bicicleta" -entra, sai e não deixa benefícios. (LUCIANA CONSTANTINO, FÁBIO ZANINI e ANDRÉ SOLIANI)


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