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Prevendo ritmo menor das exportações, Fazenda reduz de 2,2% para 2% estimativa de expansão em 2003
Governo admite crescimento menor do PIB
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que o Banco
Central manteve a taxa de juros
inalterada em 26,5%, o Ministério
da Fazenda divulgou documento
com avaliação pessimista do desempenho da economia neste
ano.
O texto, assinado pelo secretário
de Política Econômica, Marcos
Lisboa, informa projeção de crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto) em 2003 menor do que o
oficialmente divulgado pelo governo, que estava em 2,2%. A nova projeção é de 2%.
Segundo o documento, a economia só não terá um desempenho ainda pior porque a renda do
setor agrícola deve ser recorde
neste ano, compensando outros
setores.
"O nível de atividade ao longo
do ano será influenciado por um
ritmo menos acentuado das exportações, pela intensidade das
restrições ao crédito, pela evolução, ainda negativa, do salário
real, e pelo bom desempenho do
setor agrícola."
O mercado financeiro projeta
crescimento da economia ainda
menor. Segundo levantamento
divulgado pelo BC na segunda-feira, os bancos estimam aumento de 1,9% do PIB (soma de toda
riqueza produzida no país) neste
ano.
No documento, a Fazenda ainda faz a ressalva de que o crescimento em torno de 2% depende
de um desempenho mais forte do
setor de serviços, para compensar
a fraca performance da indústria.
Segundo o estudo, a produção industrial (descontados efeitos temporários) recuou 1,1% no primeiro trimestre do ano, em comparação ao mesmo período do ano
passado.
O texto ressalta que a renda real
(descontada a inflação) do trabalhador no primeiro bimestre do
ano caiu 5,7%. No entanto, a massa salarial (soma de todos os salários) subiu 0,8%, o que explicaria,
em parte, a maior resistência para
a queda dos preços.
A massa salarial teria subido
por conta de maior ingresso de
pessoas no mercado de trabalho,
ainda que mais da metade dos
postos tenha sido criada no segmento informal da economia. De
908 mil postos de trabalho abertos num período de 12 meses encerrado em março passado, 485
mil foram de empregados sem
carteira ou de trabalhadores por
conta própria.
Queda lenta
As expectativas do mercado, refletidas nos contratos de juros negociados no mercado futuro,
apontam para uma queda da taxa
básica (Selic) no longo prazo.
De acordo com o documento, a
taxa dos contratos de juros com
vencimento em 180 dias ficou em
25,29% em abril, enquanto a Selic
estava (e ainda está) em 26,5% ao
ano. Isso significa que o mercado
projetava uma taxa básica próxima de 25% em seis meses.
A Secretaria de Política Econômica classificou as expectativas
do mercado sobre uma queda dos
juros "no longo prazo" como
"coerente com o declínio observado nas taxas de inflação". Os últimos indicadores de preços
apontaram queda da inflação.
No entanto o ministério ressaltou que "não se espera uma queda
abrupta" da taxa básica de juros.
Entre os motivos apontados, destacou que o recuo da inflação
ocorre num ritmo ainda lento,
que o regime de câmbio flutuante
não assegura o dólar no nível
atual (em torno de R$ 3) e que
ainda "há um longo trajeto para a
implementação das reformas previdenciária e tributária".
Ou seja, haveria risco de o dólar
voltar a subir, o que prejudicaria
novamente a queda da inflação.
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